31 março 2011

Impulsivamente

Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se trata de intuição, mas de simples infantilidade.  Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. Há um perigo: se reflito demais, deixo de agir. E muitas vezes prova-se depois que eu deveria ter agido. Estou num impasse. Quero melhorar e não sei como. Sob o impacto de um impulso, já fiz bem a algumas pessoas. E, às vezes, ter sido impulsiva me machuca muito. E mais: Nem sempre os meus impulsos são de boa origem. Vêm, por exemplo, da cólera. Essa cólera às vezes deveria ser desprezada; outras, como me disse uma amiga a meu respeito,
são: cólera sagrada. Às vezes minha bondade é fraqueza, às vezes ela é benéfica a alguém ou a mim mesma. Às vezes restringir o impulso me anula e me deprime, às vezes restringi-lo dá-me uma sensação de força interna. Que farei então? Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais:
eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura.
Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso.
Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.

Clarice Lispector

30 março 2011

Querida leitora,

costumo comparar o amor a um vírus mutante. Ele pode surgir, se desenvolver, desaparecer, voltar com força total e se alojar novamente. Pode machucar por uns tempos, ou ficar doendo para sempre. O amor está sempre
se transoformando. Ele sempre surpreendente e cada experiência é singular, especial, intransfirível e assim sendo, nenhuma pode lhe servir de exemplo. Investigue, portando, a natureza do seu vírus, em que estado ele está. Mas atenção: nem sempre é fácil entender o que sentimos, principalmente quando sentimos o que não queremos. Sei que é difícil, mas é possível, se você tiver coragem de tentar e de ser honesta com você mesmo. Boa sorte.

Novela tititi (Isis Valverde como Marcela Andrade)

Abraços curam

O abraço é milagroso, é medicina realmente muito forte. O abraço como sinal de afetividade, de carinho e de perdão pode nos ajudar a viver mais tempo, proteger-nos contra doenças, curar a depressão e fortificar
os laços conjugais e familiares. O abraço é excelente tônico! Hoje sabemos que a pessoa deprimida é bem mais suscetível a doenças. O abraço diminui a depressão e revigora o sistema imunológico da pessoa. O abraço injeta nova vida nos corpos cansados e fatigados, e a pessoa abraçada se sente muito mais jovem e vibrante. O abraço aumenta significativamente a hemoglobina na pessoa tocada. Para lembrar, hemoglobina é aquela parte do sangue que transporta o oxigênio para os órgãos mais vitais do nosso corpo, inclusive o cérebro e o coração. O uso regular do abraço, por isso tudo, prolonga a vida, sara a depressão e estimula a vontade de viver, crescer e progredir.
ABRAÇOS CURAM.

28 março 2011

Não entendível

O que antes era o assunto mais termido, agora o mais comentado. Tudo começa bem de repente, a gente leva um tombo pequeno, daqueles que não caimos totalmente, depois sentimos um empurrão querendo nos apresentar o chão, mais uma vez somos fortes o suficiente para nos equilibrar. Mas ai basta uma brisa fraca e a gente não aguenta o peso, a dor, a solidão e a saudade. E infelizmente, nesse momento, a gente cai. O mais incrível é que sentimos que o que menos queremos que aconteça, vai acontecer. A gente sente e sofre por antecipação, ainda tem mais essa. O ser humano é mesmo muito estranho. Era melhor sofrer só uma vez. Bastava. Mas ai o coração aperta, e aperta muito, e o pressentimento que julgamos ruim se aproxima cada vez mais. E da mesmo forma que tudo começou, de repente, também acaba. O tombo não é tão grande, mas o choro é incalculável. Nos tornamos uma criança quando não é ouvida, ou até mesmo quando esperneiam e fazem birras no shopping center querendo brinquedos. Realmente a gente volta a nossa infância. Aquele abraço da avó que a gente recebia quando chegava da escola, hoje a gente quer pra derramar as lágrimas. O pirulito que se ganha quando come todo o almoço, e vale ressaltar que a felicidade é inconfundível, hoje a gente quer pra se consolar. O cabelo que a gente não queria cortar, hoje fazemos questão de fazer isso, só pra ver se a autoestima aumenta um pouco. Funciona, mas por pouco tempo. Ele vai crescendo juntamente com sua dor. E é tão inútil essas formas de tentar esquecer algo ou alguém. O único remédio são os amigos, ou pelo menos aquelas pessoas que sabem te fazer sorrir. Quando seus dentes são mostrados e aquela gargalhada é ouvida por todos, eu garanto que naquele momento tudo que te aflingia e te preocupava foi embora, voou para bem longe, e só voltará quando você estiver sozinho mais uma vez. O problema está ai. A dor sempre volta. Aí você se pergunta: Então, ela nunca vai embora, não é mesmo? Não, não é mesmo. Não a sol sem tempestade. Então antes das melhores coisas da sua vida acontecer você precisa passar por momentos imprevisíveis e sentimentalmente dolorosos, que te ajudem a crescer pisciologicamente e emocionalmente e que te deixem forte para enfrenter outros nas próximas fases. Você precisa desses momentos pra poder dar valor aos bons e aos que você sempre quer que se repitam. E não importa o quanto a gente escreva tampouco o quanto a gente tente expressar tudo que sentimos e até mesmo aquilo que se passa dentro de nós que ainda não descobrimos o nome. Dizem que é amor, mas pra mim tem outro nome. Vou decifrá-lo. Enfim, não vai importar também quem esteja com você, nem o que você estude. Não importa o seu trabalho nem as horas que você passa na academia. Você nunca vai conseguir expressar a dor e a saudade em palavras emprobrecidas. Você só quer uma presença, uma única pessoa ao seu lado. E sempre vai ser aquela que menos vai estar com você. A ausência vai ser sempre daquele que você mais ama, que você mais quer, que você mais precisa, que você mais pensa, que você mais sente, e que você menos tem. Nada muito entendível, nada muito explicável. Só sou digna de sentir.

Dani Fechine

20 março 2011

Lacrimejei

Existem certos momentos na sua vida que você se perde completamente e não sabe mais como agir, falar e até mesmo chorar. Falo daqueles momentos que se repetem e ainda assim você continua voando no problema e no sofrimento. É aquele velho desespero de quando se perde alguém. Alguém que não foi embora do mundo inteiro, mas sumiu do seu mundo. Aquele alguém que sempre te deu a mão e um dia já quis te mostrar pro mundo como o maior amor da sua vida. Você acaba saindo da vida daquela pessoa que você mais amou, e pela qual mais foi amada. Você acaba indo embora e deixando pra tras tudo que só te fazia bem. Aquele abraço protetor que te envolvia e te deixava segura, os sorrisos que te causavam e o próprio sorriso que você costumava ver. Nessas horas você acaba vendo que a realidade machuca bem mais que a ilusão, e que a saudade vai martelar cada vez mais no seu coração. O pior de tudo é que você não vai saber reagir a isso e a sua única saída vai ser desabar num choro. Nesse momento você vai querer a todo custo essa pessoa que te deixou, pois só ela vai saber te abraçar como você precisa e como você quer, só ela vai saber te acalmar e silenciar esse coração que tanto grita. Mas no fundo você ver que existe pessoas ao seu redor que te amam muito mais, e que jamais vão te abandonar. As vezes os seus melhores namorados são os seus amigos. É bom tê-los. Com eles você pode silênciar e deixar cair uma lágrima, ou várias. Você pode desabar alí, na frente dele, e ele irá te reerguer e te mostrará as melhores coisas do mundo. São os conselhos que você tem pra receber, e que nem sempre você escuta. Mas sabe que deveria. Nessas horas você agradece ter conhecido essas pessoas e agradece também a elas por tudo que fazem por você. Na verdade você procura uma forma de fazer isso, mas nunca acha. Mas no fundo você é externamente grato por cada abraço que te acalentou, ou que pelo menos tinha essa intenção, grato por cada palavra confortante, pelo ombro que te foi oferecido pra chorar e você realmente chorou, pela liberdade que te dão pra você jogar todo o seu mundo pra fora e nem que seja um simples abraço recebido de volta. Eles irão te dizer que isso vai passar e que estarão ao seu lado sempre. E o que você mais quer é que tudo isso acabe mas que volte a ser como era antes. Ninguém nunca vai embora sozinho. Sempre levam tudo que nos trouxeram um dia, e é isso que mais machuca. Ninguém nunca me falou que seria fácil, mas também nunca disseram que seria tão difícil. Acabei descobrindo que é mesmo verdade quando dizem que o amor é como um elástico, o primeiro que solta machuca o outro. Ainda há muito o que escrever. Esse sentimento que está aqui é bem maior do que a gente imagina, e as sensações são diversas. Há uma história por vir.

Dani Fechine

18 março 2011

Sem título

Tentava escrever. Os dedos não saiam do teclado e os olhares iam sempre para a caneta esferográfica preta que estava no mesmo plano do computador. Eu não sabia se digitiva ou se escrevia cursivamente, assim como gosta minha professora de redação. Mas eu precisa explodir, mais uma vez. Isso acontece corriqueiramente, como um celular a despertar as seis horas da manhã, me chamando pra tomar um banho, colocar um uniforme azul e caminhar sozinha e distraída até o prédio branco e azul que chamam de escola. Sim, esse lugar repleto de bullyng, conversas, fofocas e por fim, conhecimentos que extrapolam.. Mas algo, ainda assim, me impedia de jogar na tela ou na folha o que meus pensamentos insistiam em embaralhar. Era a espera de um possível telefonema ou do toque da campainha, que ao ocorrer sempre disparava em mim o coração. Mesmo assim continuei a escrever sem ao menos ter noção do que meus dedos datilografavam, talvez. Precisava falar de qualquer coisa, qualquer situação e qualquer assunto que já veio a me ferir ou a me alegrar. Poderia ter riscado algo sobre os meus amigos, mas seria sempre pouco pra homenageá-los. Quem sabe sobre as saudades que sinto de quem está um pouco longe, numa cidadezinha do Ceará, mas ai também não seria o suficiente para diminuí-la. O amor poderia ser mais um daqueles assuntos que conseguimos desenrolar facilmente. Mas na verdade eu só queria escrever. Não importava o que, com o que e porque. Só precisava liberar as palavras que passeavam na cabecinha viajosa e mirabolante da adolescente estranha e maluca, que na calada e silenciosa sexta-feira ela estava sentada na frente de um computador escrevendo sabe-se lá o que. Mas escrevia. E pouco se preocupava com a música que a vizinha escutava e cantava ao mesmo tempo. Resolvia não pensar muito antes de escrever, e ia deixando que seus dedos a conduzissem. Nesse momento ela já havia optado por digitar e desviado os olhares da caneta. A menina que agora tinha as unhas vermelhas, só inventava uma desculpa para enrolar o coração e não mais escrever sobre o que tanto lhe preocupava, incomodava, entrsitecia e nada de bom a trazia. Uma desculpa tola. Na verdade ela só queria um texto 'de vergonha' nesse blog quase inútil.

Dani Fechine

Smile it's friday

Escute o que você está dizendo e o que você quer falar. Você sabe o quer hoje e o que procura nesta noite. A lua não desce mais sem seu celular tocar, e um amigo muito do querido te ligar e te chamar pra algum lugar. Um lugar que você nem se importa em saber. Tudo que você quer é sair. E algo bem maior: ver as pessoas que, mesmo sem querer, sabem mudar tudo que se passa na sua vida com um sorriso estampado no rosto. Você precisa deles pra viver, e pra viver você precisa sorrir mais. Você precisa de alguém que te mande mensagens nas horas das aulas de física, e alguém que te ligue no final da aula só pra saber como você está. Você precisa de amigos que saibam te dar a mão sem pedir algo em troca. Você precisa de pessoas verdadeiras por perto, pessoas que se preocupam com você e que te dão valor. Você precisa ouvir "eu preciso de você". Eu sei bem que todo mundo tem alguém que se pode confiar, todo mundo tem um amigo pra chamar de irmão e alguns tem um irmã (ão) pra chamar de amiga (o). Mas se eu perguntar QUANTOS deles você coloca como parte integrante da sua vida, alguns podem até perder as contas, porque sempre acham que amigos são sempre irmãos e acabam se enganando no próximo passo a dar. Outros vão saber perfeitamente quais são as cópias fiéis de um diário, e daí saem no máximo 5. E eu me admiro de ver isso. Amigos de verdade são irmãos que escolhemos a dedo, e devemos ser cautelosos com isso. As máscaras estão soltas por aí e que se encaixem onde couberem.
Já dizia um palhaço em forma de estudante: 'Vamos rir, todos!' E afinal é somente disso que precisamos. Sorria por qualquer besteira até a barriga doer, para substituir uma lágrima, talvez. Sorria ao lembrar, ao esquecer, ao viver o presente mais instável da sua vida. Sorria apenas por poder sorrir, e depois disso contemple todo esse espetáculo. E quer saber de mais uma coisa? Esqueça esse texto que não serviu de nada, coloque uma roupa, ou então fiquei do jeito que está, ligue pra um amigo ou amiga, ou até mesmo sozinho... mas ai fazer o que você mais gosta. Afinal, hoje é sexta-feira. Beijos, tchau! Vou deitar no chão do terraço e quem sabe ler um livro. A minha sexta-feira é isso. Ou não.


Dani Fechine

15 março 2011

Necessidade de presença

Há certas horas em que a gente sente tanto a necessidade de alguém que começa a procurar meios para tirá-las de nossos pensamentos. São nas horas mais difíceis e naqueles momentos em que a gente precisa de um abraço e mais precisamente de um ombro pra chorar, que a gente ver que algumas pessoas nos fazem uma falta maior do que imaginávamos. Nas horas que a gente precisa de uma palavra confortante ou de um silêncio acalentador, aquelas pessoas que a gente mais ama não está ao nosso lado pra dizer que tudo vai ficar bem, mesmo sem ficar. E ainda assim o nosso amor só faz aumentar. A saudade explica isso. O fato da gente sentir tanto a falta de alguém nos mostra o quanto a amamos e o quanto precisamos desta. Geralmente a gente precisa mais do outro do que o outro precisa da gente. E o outro, na maioria das vezes, vai dizer o mesmo. Só que ele não sabe o tamanho que é a nossa saudade, e por causa disso ele despreza de tal forma que isso se torna apenas uma frase a ser dita nas manhãs corriqueiras ou nas mensagens de 'boa noite': Saudades. O outro se acostuma tanto com essa palavra que o significado dela pra ele, em relação a nós, é exatamente esse: que estamos falando da boca pra fora. Mal ele sabe que realmente a gente adoece de saudades, e que realmente o nosso coração fica apertado querendo a todo custo uma abraço apertado e consolador. Aquele abraço que ninguém mais sabe imitar e que a gente não troca por nada. A gente resolve desabafar e dizer o quanto a sua ausência nos incomoda. Mas ai se esse outro for homem ele vai dizer que é melhor se afastar já que está nos fazendo mal. Essa resposta é clichê para eles, é um meio de desculpa masculina. Acho que esse 'homem outro' não sabe bem o significado de saudades. É isso que eu sempre penso quando ouço uma resposta assim. Mas enfim... A gente contorna e explica novamente que pior seria sem o outro. Então tudo se ajeita e a gente ganha um abraço. Sim, aquele abraço que a gente pediu durante toda a ausência e que durante um minuto a gente esquece toda a falta que nos fez sofrer. Acordamos na segunda entristecidos e amargurados por tanto ter que esperar para sentir aquele corpo protetor te envolvendo mais uma vez. E quando essa hora chega você não quer soltá-lo nunca mais. A proteção que passa pra você é tão grande que quando aquele momento acaba você se sente a pessoa mais vulnerável do mundo. E ai tudo começa outra vez. A agonia, o desespero a a felicidade de um dia após o outro. No final de tudo você só quer um abraço e um eu te amo sincero. Se tudo o que existe no mundo possuísse uma fonte de energia, com certeza a minha seria você.

Dani Fechine

14 março 2011

Parabéns, PAI

Hoje é o seu aniversário, pai. E em outros tempos eu estaria na sua casa comemorando mais um ano de vida. Estariamos felizes, talvez jantando como uma família. Confesso que não era assim que eu imaginava uma família, mas é assim que ela é agora. Confesso também que sinto falta, apesar dos apesares, das brincadeiras, das broncas e das nossas aventuras, pai. Sinto falta do seu abraço confortante, de dormir na sua cama, de ir à uma locadora e escolher seus filmes de guerra e os meus de desenhos animados. Tenho saudades das idas a praia, dos pratos de batata frita e dos copos de refrigerante. Saudades ainda mais de quanto eu chorava de saudade. Um passado que virou presente. Saudades de ir para SUA casa e correr com medo dos cachorros que vinham a me cercar. Saudade dos banhos de piscina até tarde, de dormir ao seu lado de tão infadada que ficava. Saudade de ouvir você roncar tão alto, a ponto de acordar alguém. Sinto falta de chegar na sua casa, em dia de páscoa, e procurar em todos os lugares o meu ovo de chocolate, e no fim das contas tudo acabava em festa. Saudades da sua assiduidade, em resumo. Saudade de ter o gostinho de fazer com o maior carinho o seu presente, na escola. Saudade de tantas coisas, que chego a não me lembrar de todas.
Mas mesmo assim, com todos os nossos problemas, obrigada por ser MEU PAI. E hoje, com lágrimas nos olhos, eu escrevo pra você esse texto como presente. Talvez como agradeciemento e como felicitações. Mesmo com todos os acontecimentos e todas as nossas falhas, ainda somos pai e filha, e ainda queremos o bem um do outro. Eu te desejo, além de toda a felicidade do mundo, uma benção enorme de Deus. Que Ele saiba iluminar o seu caminho, a sua vida, a sua alma e o seu coração. E saiba tocá-lo. Que eu possa escrever mais textos pra você, e que isso seja durante muito tempo. Eu não quero te perder jamais. Mas eu não consigo terminar de escrever. A minha garganta está se fechando, pai, e os olhos já não suportam mais guardar as lágrimas. Mas não posso deixar com que elas caiam. Então, meu herói, FELIZ ANIVERSÁRIO. 41 anos de pura paz pra você. Eu te amo ontem, hoje e será pra sempre.


Dani Fechine

12 março 2011

Amor para amar

"Aquela voz, amiga, não era de sono, era de choro." Pensou Florzinha, antes de pronunciar qualquer palavra.
Pra amar precisa ser forte. Estamos sujeitos a qualquer turbulência, e daquelas fortes e inesperadas. Estamos sujeitos a tudo que um dia não esperamos acontecer. E estamos sujeitos, ainda, a não entender tudo que não falamos e não agimos, o que apenas sentimos.
Pra amar precisamos de amor. Não necessariamente daquele específico amor. Mas precisamos de qualquer tipo de sentimento que termine com um breve coração vermelho pulsando de alegria. Mas ainda assim algo ainda vai ficar meio vazio dentro de você. É como se seu coração fosse um baile, e todos estão na pista. Cada um com o seu par apaixonado, dançando como se aquele momento jamais fosse acabar. E você está alí no meio, um pouco perdida, sem ter com quem dançar. O seu par não foi ao baile. E comparando com o exemplo mais banal, é como se fosse uma pizza gigante faltando meio pedaço.
E tudo pode estar bem pra você. Os seus amigos, então, os melhores que alguém poderia ter. A sua família é aquela que nunca te abandona e sabe bem te fazer sorrir nos almoços de domingo. Na sua escola você encontra os sorrisos mais sinceros. O celular toca e você sabe que alguém nesse mundo pequeno lembra de você todas as manhãs, um amigo de longas datas. Mas no fundo você sabe que nada disso adianta quando uma simples pessoa falta nesse imenso livro que a gente escreve. Nós sabemos bem que não importa a profissão que exerçamos, os amigos que temos, as viagens que fazemos, os livros que lemos, pois no final daquele álbum não terá a foto de quem você deseja que esteja com você, apesar de todos os seus defeitos.
Não importa também os seus desabafos, tampouco os choros escandalosos, porque no final das contas você ouvirá uma porcaria de uma resposta sincera que vai te machucar ainda mais. Será que não podem mentir pelo menos uma vez?
E não adianta enganar a si mesmo, achando que a presença de todos irá te fazer melhor. Não adianta se passar pelo que você não é no momento. É por isso que há quem diga que é melhor ficar sozinho nesses momentos. Sendo assim você não contagia os outros com a sua tristeza ou melancolia.
Há quem diga também que o amor nos traz de volta a vida. Mas e se a saudade bater?

Dani Fechine

11 março 2011

Brincando com o passado

Saudade é um agora que não volta mais. É um futuro que não virá.
É a brincadeira de um dia de criança, o abraço de um pai, um beijo de um amor que não demos valor, o sorriso de um amigo que se distanciou, uma briga com a melhor amiga, é um choro de saudade. Saudades é lembrar e colocar um sorriso no rosto só porque aquilo aconteceu, mas ao mesmo tempo derramar uma lágrima por tudo isso ser passado. É olhar pra frente e ver que o seu futuro não será como você imaginou quando criança, que a inocência está cada vez mais extinta. É observar tudo a sua volta e ver que o ódio e o rancor predominam, e o amor... ah, são poucos que nascem com esse dom. Saudade de uma família, da foto de natal e ano novo, de assoprar as velinhas e fazer um pedido, de chorar por não ganhar um presente no aniversário da irmã, de abrir um sorrisão só por causa de um doce, de brincar sem se preocupar com a vida e com o que as outras pessoas irão achar. Saudade do medo de dormir sozinha, do medo de cair ao andar de bicicleta, do medo de errar ao fazer uma chamada oral da tabuada. Saudade da praia de manhãzinha, de fazer castelinhos de areia, com baldes e pázinhas, saudades de pular as ondas,
de ser carregada no colo do meu pai com medo dos sargaços do mar, de comer batata frita sem medo de engordar, de tomar refrigerante e achar aquilo a melhor coisa do mundo. Saudade de tudo, de todos que passaram por minha vida e deixaram um sorriso verdadeiro, de todos que me fizeram aprender com os erros e de tudo que vivi quando criança, principalmente.
Saudades enormes.


Dani Fechine

Vozes inúteis

O mundo anda falante. Exatamente dessa forma, fios para lá, antenas para cá, dígitos para outro. E, independente da forma, todos falam. Falam de si, falam dos outros, principalmente. Falam de tudo, e criticam a cada um sem saber absolutamente de nada. Fazem pirraça da cara dos inocentes e choram pelos devassos. "Batem palma pra palhaço corrupto" e atam as mãos para os honestos. Se irritam com os outros por si mesmo, e agrada àquele que faz um rebuliço em cima do outro. Gastam tempo e palavras para falarem blasfêmias, idiotices e tudo sem dissernimento. Ouço essas vozes a cada passo que dou, e são pouscas as pessoas que tampam os meus ouvidos. Vocês conseguem ouvir? Parem. Escutem. Você verá que as palavras estão soltas, e são as piores palavras.

Dani Fechine

10 março 2011

Promete de coração?

A verdade é que eu queria que aquele abraço nunca acabasse. Eu me senti protegida durante todos aqueles segundos. Eu não queria que a noite terminasse, nem que eu chegasse em casa. Eu iria estar sozinha, outra vez. Eu não queria dizer "até logo". Não queria te dar boa noite. Eu queria ter a certeza de que no outro dia eu iria te ver de novo, eu iria te abraçar mais uma vez e iria terminar a noite sozinha novamente. Mas eu ia te ver. Eu quis isso durante muito tempo, e não deixo de querer. Acho que eu preciso de você. E pior, preciso muito mais do que você precisa de mim. Preciso que você não suma nunca e que também não vá embora. Amanhece na segunda e eu durmo cedo na intenção de chegar logo o dia de te ver. E eu tenho medo de imprevistos. Tenho medo do que pode acontecer e a gente não se ver. Eu tenho medo de passar duas semanas sem olhar muito bem para o seu rosto. Medo de você não sentir minha falta e de não me ligar pra saber como eu estou. A verdade é que eu odeio não saber como você está. Eu odeio não saber do que você anda fazendo. É porque é muito bom pegar na sua mão e sair andando por ai sem ligar pra quem está a nossa volta. Sem ligar pro que vamos fazer ou a que filme vamos assistir. É como se nesse momento estivéssemos interligados: toda a minha energia e amor passa pra você e virse versa. Que pena que isso não acontece... que injusto! E quando dizem que quem está apaixonado é 'idiota' não metem. Acho que a vontade de compartilhar o bem é tão maior que a gente nem percebe tanto assim quão bobo estamos sendo. Então me promete que também será um idiota, e que sempre que eu olhar para o lado eu vou te ver sorrindo pra mim com a mão estendida pra que eu segure firme e você me guie pra a sua felicidade? Promete que vai me abraçar sempre que eu estiver insegura e vai nos proteger de tudo que um dia possa nos derrubar? Promete que vai me dizer sempre 'até logo' e nunca 'adeus'? 
Promete de coração, mais uma vez, que nunca vai embora da minha vida?

Dani Fechine

09 março 2011

A primeira das primeiras vezes


Você sempre mereceu um texto meu. E eu sempre escrevi. Não para ti, mas para mim. E sim, por você merecer tanto eu nunca escrevi nada sobre você. Talvez com uma ponta de medo dele não sair tão perfeito quanto você merecia. Mas eu tive muitas chances de escrever nem que fosse uma linha sequer. E até hoje eu me pergunto porque não o fiz.


"Você sempre foi o único homem que me amou." E as minhas palavras nunca passaram de uma mera frase na última folha do caderno. Você sempre foi a única pessoa que me vazia esquecer do mundo com um simples e apertado abraço. Foi sempre você que me fez viver um pouco. E me fez também crescer. Eu aprendi. E nem sequer um "obrigada" eu escrevi.

Outro dia eu sentei na poltrana da sala, com vista para o meu terraço e o meu jardim, e com uma brisa muito boa batendo no meu rosto e um silêncio absoluto, eu lembrei de tudo que a gente viveu. Eu poderia ter escrito ao menos um parágrafo sobre o dia que você tomou uma atitude e resolveu me dizer algumas coisas lindas. Sim, falo do dia que tudo começou e com um olhar envergonhado você me roubou um beijo. Depois eu também poderia ter escrito sobre as noites 'via celular', nas quais eu ouvia as músicas mais bonitas e as palavras mais, mais... mais alguma coisa que eu não sei e que me deixavam envergonhada. Aí eu lembrei que alguns meses depois tudo mudou. Saiu você e entrou o arrependimento. E depois você voltou. E eu tive mais uma oportunidade de escrever. Aí tudo mudou mais uma vez. E depois você voltou novamente. E mais uma vez eu não escrevi absolutamente nada. Mal eu sabia que tudo já estava escrito aqui, na memória e no coração. 

Aí as coisas mudaram um pouco mais. E voltaram ao normal um tempo depois. E eu lembro que pelo menos dessa vez algo foi escrito sobre você, sobre nós. Mas algo em imagens, fotografias. Eu poderia sim, ter escrito sobre aquele dia em que fomos ver um flime com mais duas pessoas que não cabem nesse texto, e você com uma voz gentil pediu pra segurar a minha bolsa. E eu deitei no seu ombro na volta pra casa.

Talvez eu pudesse ter escrito sobre o dia que tudo resolveu mudar de verdade. E eu nem sequer escrevi sobre as saudades que eu tanto senti. Sobre as noites sem você aos telefones e sem as madrugadas 'musicais'. Não escrevi nem sobre o quanto eu pensei em voltar atrás. Mas ai tudo realmente mudou. E parece que dessa vez você demorou pra voltar. E eu poderia ter escrito sobre o ano inteiro que passei sem nem te ver com perfeição e o ano inteiro que você também não me olhou. Mas ao invés de tal eu resolvi silenciar. E dessa vez quem voltou fui eu.

E agora eu paro pra pensar quantos 'eu te amo, flor' eu deixei passar nas folhas em branco dos meus cadernos, quantos abraços eu não descrevi e quantos beijos eu não revelei. Que bela história eu já teria aqui guardada se todos esses dias não tivessem passado voando das minhas páginas. Até hoje, até essa noite eu não havia escrito nada sobre você e sobre o que você foi pra mim. E talvez por sentir tudo que um dia você sentiu eu resolvi explodir de uma vez o que já não cabia só na memória e no coração. E enfim a flor desabrochou. E depois de tanto tempo o seu perfume continuou.

Dani Fechine 

Final de Semana no Shopping

Horário de funcionamento do shopping:

-Domingo
Manhã: Pessoas querendo comprar presentes para algum aniversário que terá logo mais.
Tarde: Você encontra de tudo. Inclusive ricas senhoras fazendo compras em lojas de grife.
Noite: Casais indo ao cinema.

-Sábado
 Manhã: Você não encontra quase ninguém. A maioria foi a praia.
Tarde: Vá ao cinema. Lá você encontrará fãs de Restart, adolescentes querendo pegar alguém e outros já se pegando. E como tem que ter alguém normal, você também encontra famílias levando seus filhos para lanchar e brincar.
Noite: Casais indo ao cinema.

Desabafo de Ritinha

Vamos embaralhar as cartas, puxar uma e ver qual sai. Vamos mexer no passado, revirar as partes sujas e trazer tudo que há demais belopara o agora. Vamos pensar, e não vamos deixar de fazer o que antes não fizemos. Não vamos jogar essa oportunidade fora, tampouco esse amor que transborda cada dia mais. Não vamos dar as costas a quem sempre esteve conosco. Saibamos retribuir, saibamos amar igualmente, saibamos, ainda, trazer a felicidade de alguma forma inédita. Por favor, querido príncipe encantado, me tira desa angústia de que você sabe o que. Vamos lá, você nunca foi um sapo, muito menos o vilão. Você sempre apareceu com seu cavalo branco, sem se importar com que cara eu estaria te esperando. E agora, por favor, tenha coragem e termine de subir a torre. Você está perto e a trança é bastante forte pra te aguentar. Mas eu tenho medo de que um dia ela se arrebente e você tenha que começar lá de baixo novamente, e talvez você não tenha mais coragem de recomeçar. Eu não sei o que te falta, mas sei bem como completar. Tira essa capa vermelha, essas botas pretas e envernizadas, troca também essas roupas de seda e vem pra vida real. Larga esse cavalo branco e vem correndo que é mais romântico. Traz uma flor, ou se não der só uma pétala. Mas deixa o buquê de lado. Traga você. Somente. Traga tudo que eu preciso e tudo que te falta. Falta pouco. Mas vem e fala tudo que a gente ouviu naqueles filmes de cinema. Sim, aquele que me fez chorar, aquelas frases românticas. Se quiser pode fazer igualzinho: -Eu preciso de você e você precisa ainda mais de mim. Eu aceito esse plágio e aceito ainda mais se o braço do final for de tirar o fôlego (de tão apertado). Aceito a simplicidade. Mas se você vier tão recheado também não tem problema. As poucos a cobertura derrete. Mas venha, por favor. Chegue depressa porque o tempo já passou. Anos ja se foram, mais precisamente... dois. Meses já se completaram e o portão do meu terraço ainda está aberto, esperando que você entre e sente nas belas cadeiras do conjunto. As caixas guardadas e os materias recicláveis estão na parte de cima do guarda roupa, na espera de uma comemoração. A maquiagem ainda é a mesma, o cabelo ainda está do mesmo jeito, o corpo nem se fala.
A flor está inteirinha, nada mudou, apenas o coração. Disse Ritinha, esperando ser seu último desabafo.

Dani Fechine

08 março 2011

Sobre o blog

Criado desde 2011, o Escrever Para Não Implodir foi a única tentativa que encontrei para explodir tudo que fica guardado no coração. No meio do caminho, passei pra faculdade de Jornalismo e hoje, além de ser essa escritora amadora, sou também uma jornalista pela metade, em construção. No começo, tudo era um grande desabafo. Agora, o blog é um conjunto de tudo que escrevo: contos, crônicas, devaneios do dia a dia, personagens que conheço em entrevistas e em algumas viagens de ônibus, entrevistas que gostei de fazer e alguns textos de opinião que virão parar aqui quando eu realmente não conseguir mais guardar o que penso. O Escrever Para Não Implodir é, na verdade, um cantinho de explosão. E espero que todos sintam tudo que implode e explode aqui dentro.

Aproveitem! 

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Nós que demos a vida à eternidade

Parabéns a nós, mulheres. A elas que deram a vida à eternidade. Aquelas que foram homens, pais, avôs, e souberam ao mesmo tempo ser mulheres. Nós mulheres que romantisamos o mundo, o medo, a guerra e enfrentamos tudo com todo amor que exise nesse mundo. Parabéns não só por esse dia em que todos resolvem lembrar de nós, mas sim por enfrentar a vida como uma batalha a ser vencida e como uma meta a ser conquistada. As mulheres que lutam pra assumir a presidência, assim como lutam pra assumir uma casa, uma família. Mulheres que vivem como homens e como mulheres e que sabem tomar a frente em tudo. Mulheres que são guerreiras e batalhadoras e que conseguiram enfrentar os maiores preconceitos vistos. Mulheres que vencem. E que no meio de tantas angústias e lutas, elas sabem cuidar de si e dos outros. Elas não largam o cabelo, tampouco as unhas belas. Não largam o rímel, muito menos um belo batom. Estamos de parabéns por sermos quem somos e com tanta elegância e glamuor. Cada uma tem sua beleza, cada uma tem seu dom e seu charme. Mulher é mulher sem ser rotulada ou taxada. A mulher brilha na escuridão, tem ciumes de si mesma, valorizam-se. A mulher é poeta, é operária, empresária, é mãe, é pai, é filha, é neta. A mulher é uma família inteira. Só ela aguenta, só ela suporta. E seria impossível defirnir o sentimento de ser mulher, seria pouco mostrar em palavras o privilégio que é ser mãe, o privilégio de dar a vida a um ser e de carregá-lo, acalentado-o e protegendo-o em seu ventre. Por isso eu digo que fomos nós que construimos o mundo, que fizemos a vida e que a construimos. Fomos nós, e estamos de parabéns por isso. Mulheres aqui, lá, e onde quer que estejam, parabéns por vencerem, parabéns por brilharem e sinceramente, OBRIGADA PELO ORGULHO.

Dani Fechine

07 março 2011

Autoconselheiras

Uma conselheira amorosa. Tão nova, tão jovem, tão POUCO vivida, tão diferente, tão improvável. É assim como se sente algumas adolescentes em crise. Escrevo como se fosse uma adulta, já pensou que prepotência? Mas é verdade. Supondo que eu seja realmente uma adulta bem vivida, eu vou contar como foi a minha adolescência, levando em conta a maioria. Pois bem, eu fui amada e não amei, eu amei e não me amaram, mas também já fui correspondida e achei que era bom demais pra ser verdade e joguei tudo pro ar. Aí quando você acha que passou por tudo mas que não levou nada, vem alguém e te pergunta: O que eu faço agora? E você sabe responder com uma facilidade grande, achando que é aquela blogueira famosa que passa na novela das 7. E você começa a aconselhar sem ao menos saber o que está dizendo, ou se está fazendo a coisa certa. No fundo você só segue o seu coração, o que é muito difícil de entender, sinceramente. Ai a sua vida volta a ser aquela de estudante do ensino médio, e dessa vez você se pergunta: O que eu faço agora? Você não sabe o que fazer. É difícil de explicar porque isso acontece. Mas aí você faz essa mesma pergunta pra uma amiga, e ela vai te responder palavra por palavra tudo que um dia você a ensinou. E você pensa e ver que realmente isso partiu de você. Você ver que sabe o que fazer, mas prefere não pensar em tal hipótese. Nós somos conselheiras indiretas de nossas vidas e mal sabemos disso. Somos nós que colocamos na mesa as opções de caminhos a seguir. Mas na vida a gente só olha ao redor e esquece de olhar pra dentro e por dentro.

Dani Fechine

Esta noite levarei a sua alma

Todas as noites vocês voltam. Arrastam-se até aqui, pagam, entram e, em pouco tempo, estão rezando para sair. Mas não há como desistir. Depois que embarcam, não têm mais forças para levantar antes de chegar ao final. Precisam saber como tudo vai terminar ou nunca mais encontrarão tranquilidade. Serão incapazes de permanecer sozinhos, tremerão a cada ruído, perderão os sentidos, vagando durante noites de pavor. Então, venham.

Entreguem suas almas, descubram suas fraquezas, encontrem o fim. Todos têm o mesmo rosto: a boca trincada, os olhos de espanto, as mãos frias, o medo de atravessar. Retorcem seus corpos nos assentos, não conseguem se mexer, sair do lugar, enfrentam cada etapa. Querem o escuro e o silêncio. Estão imóveis, apavorados, indefesos. A expressão de horror acompanha o choro, o lamento, o grito, o grunhido, a explosão, o ruído, as máquinas de destruição. A ameaça pode assumir qualquer forma. Pode estar em qualquer lugar. Alguns virão para defendê-los. A maioria virá para destruí-los.

E, através dos séculos, o desejo da conquista espalhará luta e sofrimento. E o mundo se dividirá entre os homens da guerra e os homens da paz. Algozes e vítimas. Senhores e escravos. Não importa onde: nas aldeias, nos campos, travam batalhas que derrubam corpos nas areias e pelas cidades; na Terra ou em outros planetas. Virão de todos os lugares. E vocês permanecem assim: assistindo a tudo, vendo cada cena e se emocionando. Segurando a espada e sentindo a dor do ferimento, a tristeza da perda, o temor do próximo ataque. De onde virá? Forças estranhas vêm do além, seres fantásticos atravessam o espaço devorando planetas. Nada sobrevive ao seu poder devastador.

Vocês presenciam o inabalável ataque das trevas, sofrem com a tragédia da miséria humana, temem os espíritos furiosos, suportam o sofrimento da incerteza, a dor da mentira, a angústia do preconceito. Esperam por aqueles que serão capazes de combater as injustiças, transformar cordeiros em leões, caçar os fantasmas, conceber mirabolantes planos de fuga ou, simplesmente, exercitar o direito à liberdade, transcender limites, explodir fronteiras. Perseguir seus desejos a qualquer preço, em qualquer lugar. Mesmo que isso se torne uma obsessão por devorar suas vítimas. Transformar algozes mercenários em covardes, diante do temor de um reencontro. Ou defensores da vida, em vítimas da ganância de covardes. Destemidos? Sim, mas até quando...

Talvez se vocês tivessem escolhido uma vida mais tranquila, no campo ou numa cidadezinha do interior… Será? Cada um colhe o que planta. E esse pode ser o começo do fim. Não adianta se esconder, ele vai te encontrar. E pode ser onde menos se espera. Nas brincadeiras divertidas da infância, na entrega ao riso fácil quando se desarmam as defesas. Na procura pelo segredo que jamais deveria ter sido revelado. Cuidado, lá se esconde o terror. Como se livrar dele?

A maldição, para alguns, deve arder na fogueira. Para outros, é preciso punir o mal, enfrentando aqueles que causam tristeza, morte e dor. Não importa. Herege ou bruxo, demônio ou santo, quem encontrar a resposta poderá ser a próxima ameaça a ser controlada.

Estão com medo… Por que ainda temem, se já embarcaram e não há mais nada a fazer? Já sentiram isso antes? Certamente, porque aqui estão. Então, prossigam… Vençam suas batalhas, enfrentem suas assombrações. Mas sem esquecer que elas voltam, sempre voltam… Por mais que vocês tentem se livrar, elas querem vingança e não desistirão. A maldição nunca será vencida, ela não termina, ressurge quando já não mais se acredita que possa existir. Vocês podem até se esconder e rezar. Mas não vão escapar. Quando a extinção termina, o desafio começa. Seres pré-históricos, violentos, abomináveis. Tenham medo, porque esse pode ser o último mergulho… Talvez eles sequer estejam vivos. Muito além da morte e da imaginação, haverá uma aventura que viverá por toda a eternidade. Sobrevivam a ela, se forem capazes. E, se não forem, peçam ajuda. Podem acreditar que estarei sempre ao lado, espreitando… Aguardando o momento em que, exaustos, vocês desistirão. E se entregarão, sem luta, à impossibilidade.

Não sentem a brisa quente e o perfume delicioso dos frutos, só o calor sufocante? Desejam o descanso da longa travessia? Sofram, então, porque não é possível voltar. Esta viagem não tem retorno. Em pouco tempo, sentirão o peso dos grilhões, a dor da chibata, o sofrimento do exílio, o desejo pela liberdade.

Mas o que está acontecendo aqui? Não me obedecem? Por que continuam a resistir, se não haverá um só homem de pé que possa testemunhar tanta bravura? Todos irão comigo e desaparecerão. Novos tormentos virão, crueldade, ignorância, estupidez. Não querem aceitar o domínio? Não desistem jamais? Lutam contra a opressão, querem voltar para casa? Caminham juntos, aos milhares, aonde irão? Não percebem que não adianta? Ninguém voltou jamais, acreditem! Que força é essa a que assisto sem nada poder fazer? Como trazê-los de volta ao pesadelo? Pareciam tão frágeis ao menor sinal de tempestade, e, no entanto, renascem! Afinal, o que os assusta realmente? Pareciam mortos de medo, incapazes de reagir e, agora… Como ousam? Me enganam e zombam de mim? Para onde estávamos indo? Não podemos mais voltar porque, enfim, chegamos. Aqui estamos. Esperavam por nós.

E vocês se divertiam comigo esse tempo todo, não? Então, me enganavam? Mudavam sem que eu percebesse? Só agora entendi que me conduziam, faziam de mim personagem de um filme em que eu não poderia decidir o final. Nas telas ou na vida real, dominam a arte do começo sem fim. Recomeço. Aí estão, deixando para o futuro a ousadia de um passado sem medo. E, a cada ano, surgem novos personagens, novas histórias de lutas e glórias. De simplicidade e força. Porque têm a certeza de que o que está na outra margem é mais um motivo para eternizar a vida. A história de um povo de coragem, que possui o surpreendente poder de se reinventar. Fim?

 

 Paulo Barros (Sinopse - Unidos da Tijuca 2011)

06 março 2011

Cheguei



Nenhum de vocês virá aqui pra ler o que esperam. Não sou nenhuma escritora, tampouco uma blogueira de sucesso. Vocês virão aqui para ler algumas palavras soltas e embaralhadas, sem muito nexo algumas vezes, mas sempre com algum sentimento escondido entre elas, sempre com um fundo de verdade. Lerão histórias, e sabe-se lá se são verídicas. Vocês talvez lerão algo que já passaram ou que se indentifiquem. Ou talvez não lerão nada. Só aparecerão aqui pra ver como está o blog dessa menina que não tem muito o que fazer, além de estudar. Alguns não terão nem paciência de ler tudo, e vão parar na metade, ou quem sabe na primeira frase. Mas já dizia Clarice, a gente escreve pra salvar a vida de alguém, e na maioria das vezes é a nossa própria vida. Então, eu estou aqui por mim. Mas claro, espero que se divirtam. Ou pelo menos que gostem. Se isso não der muito certo, eu desisto e volto pro meu querido e amado fotolog. Hoje o texto é esse. Esse chato mesmo que vocês estão lendo. Mas vai ver que no fundo tem algo de bom, sei la. Você só entrará aqui para ler alguns textos, algumas verdades também. E quer saber? Pare de ler essa "introdução" ridícula que só faz enrolar, e espere por um texto que se prese. "Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim.(Tati Bernardi)"
É o início. Somente.