30 abril 2011

Ver, viver, reviver

Houve um tempo em que sorrir demais era fruto de um simples bombom, uma lágrima caia por birra ou sono, um abraço era dado a qualquer um e um beijo era sinal de que você era doce, simpática e adorável. Você cresceu, e o momento passou a ser aquele de 'criança chata'. É o tempo que as crianças se tornam mais birrentas e incompreensivas. Você já não é mais a queridinha da vovó, porque alguém mais novo já nasceu e 'ocupou' o seu lugar; você ainda chora por não ganhar presente no aniversário da irmã; e nesse tempo você já deveria ser bem crescidinha para tais situações. Havia um tempo que ou você só vestia preto ou era uma pantera cor de rosa. Sua pré adolescência chegou e você se sente super poderosa, por assim dizer. Criança? Diga isso pra alguém nessa fase. A alegria é contagiante, você não imagina o quanto. Agora, hoje, você já está super crescida e dá risada de tudo que já passou. Seu sorriso já não é dado com tanta simplicidade, mas com uma sinceridade acima do normal. Ainda encontramos birras nas lágrimas, mas a saudade, a decepção e até mesmo a alegria tomam um lugar maior. Um abraço é um pedido de proteção e há aquele que você sempre deseja mais que qualquer um. Agora, um beijo é um cumprimento, um sinal de amor ou de quem aproveita a vida mais do que deveria., mas é também um sinal de respeito quando é a testa que recebe. Hoje você já cresceu o bastante e entende todas as incompreensões do passado, ou pelo menos deveria. Mas passa a estudar o seu presente, e entende muito menos do que entendia antigamente. Nos novos tempos ou você tem estilo ou é a moda que te veste. Salve as exceções que ou chamamos de brega ou cafona (nesse caso a exceção é maioria). Super poderosa é o que você menos quer ser, porque ser normal já te dá poder demais e preocupação é o que você menos quer e o que você mais acha que tem. Nessa quarta fase seus sentimentos extrapolam. Ou ama ou odeia. E quando ama, sofre. E quando odeia, sofre. Chorar agora é desabafo, é como se palavras saissem nas lágrimas e o seu coração esvasiasse por minutos. O que você quer, você consegue, pois determinação é o que não falta. E o melhor de todo esse tempo que agora é o nosso presente, é que a gente volta ao passado sem se preocupar em modificar o futuro. A gente rir de como éramos sem ter vergonha. Sentimos falta de tantas coisas, de tantos momentos, sentimos uma certeza que só agora chega e recupear o passado não faz mal a ninguém. Pelo contrário. Me respondam: tem algo melhor do que reviver a felicidade?

Dani Fechine
Dar valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. 
Johnny Depp 

Dar valor as coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.
Johnny Depp

28 abril 2011

Ao partir o pão - Walmir Alencar

Deus é eterno, tem compaixão e misericórdia, e não se ira com facilidade, e a fidelidade e o amor dele são tão grandes, que não podem nem sequer ser medidos. (Êxodo 34.6)
Quem podia imaginar
Que aquela cruz
Era só o começo
De uma história de amor.


Comentavam com grande dor
Tudo o que se passou
E jamais esperavam
Reencontrar o senhor.

Aconteceu sem mesmo esperar
Ele apareceu em meio aos discípulos
A caminhar
Falava de amor
E o som de sua voz
Abrasava os seus corações,
E diziam:

Senhor fica conosco
É tarde e o dia declina
Quase sem esperança
Partimos sem direção.
Mas ao redor da mesa
Se abriram os nossos olhos
Te reconhecemos
Ao partir do pão.

Já não chore jerusalém
A alegria voltou.
Teu senhor está vivo
Ele ressuscitou.

26 abril 2011

Todo mundo quer felicidade, ninguém quer dor, mas não se pode ter um arco-íris sem pelo menos um pouco de chuva.
"Todo mundo quer felicidade, ninguém quer dor, mas não se pode ter um arco-íris sem pelo menos um pouco de chuva. "



P.S.: Uma amiga minha havia pedido um post com algo parecido com isso. Mas seria um texto. Como não consegui escrever, ainda, esse post é dedicado a ela. Bem, ela vai saber que é pra ela.

Olá, querido ursinho de pelúcia,

Aprendi que quando uma coisa é verdadeira, ela não precisa fazer sentido.
Sinto-me às vezes nada mais, nada menos que uma criança… Pois, você sabe, ainda dou-lhe importância sem tamanho. Agarro-me à você quase que todas as noites, buscando alguma proteção, algum remanescente da minha época mais feliz (eu era apenas uma criança; uma criança feliz, sem maiores medos, tristezas ou receios), e um companheiro para as lágrimas. Sim, um companheiro para as lágrimas. Não tenho vergonha de admitir que a dor que eu prendo dentro de meu peito a cada segundo do meu dia e da qual muitos não fazem idéia se transforma em gordas lágrimas na calada da noite, sendo cuidadosamente absorvidas pelo meu ursinho de pelúcia. Sei que você não compreende nada. Você não pensa, e eu já cresci o suficiente para saber disso. Mas eu já vi tantas pessoas fazendo textos sobre cobertas mágicas… E nenhum para agradecer, sei lá, aqueles pequenos brinquedos de criança. Pequenos brinquedos de crianças que enxugam meu choro, escutam meus desabafos e me vêem na pior situação. Coisa que ser humano nenhum fez. Os ursinhos não criticam nos piores momentos.
 Just Seasons - Tumblr

24 abril 2011

É assim que acontece

Sabe aquele 'tchau' que você dá da forma mais rápida possível, para não correr o risco de não mais ir embora dalí? E que ao sair, mesmo sem querer, cai uma lágrima e já bate uma saudade? Pois bem. É isso que costuma acontecer quando depois de um mês, ou mais ou menos, você rever a pessoa mais importante da sua vida, no lugar que vocês passaram uns dos melhores momentos, e percebe que dessa vez há uma barreira os separando. E não é nada agradável, mas ainda assim você não quer sair dalí, porque querendo ou não, sendo contraditório ou não, é isso que vai te fazer feliz. Você tem que fingir que está bem e que não se abalou com nada, mesmo sabendo que todos vão perceber a mentira. Você dá aquele abraço que não é mais o mesmo, faz aquelas brincadeiras que também não se comparam mais e sorrir, mas sentindo o corpo inteiro se derreter em lágrimas. Você quer passar mais tempo alí ao lado, quer optar por todas as alternativas que ele der, mas não pode. Ou ao menos não deve. Você sente uma inútil vontade de voltar ao passado, mas ao mesmo tempo uma necessidade de permanecer alí e ignorar. Se mostrar forte e inteira. Mostrar que não importa o que aconteça, você não é digna de cair. Aí você percebe que não engana nem a si. E é derrotada por dentro. Mas por sentir uma vontade tão grande de repetição, você também sente um desejo de lutar pelo que você quer, independente das consequências ou barreiras a enfrentar. Você pensa no que fazer e sabe que a possibilidade é de ser pior do que já é, mas quer tentar, só não sabe como. Porque no fundo tudo que a gente quer também é uma conversa. Um esclarecimento, um arrependimento. E pelo amor ser tão grande a gente idealiza. E é por isso que o tombo é enorme. Há uma necessidade de se igualar o de ser superior, e a gente acaba até conseguindo isso fisicamente, se quisessemos, mas o psicológico só não passa do chão. O nosso "Estou bem" é simplesmente ilustrativo. O que queremos dizer é que estamos em pé, estamos vivas, estamos fingindo ser forte. Por trás disso há um psiocológico totalmente abalado. E a maior ironia do sofrimento é que queremos ser consolados por quem nos machucou.

Dani Fechine

22 abril 2011

É chato quando alguém faz você se sentir especial, e de repente te deixa de lado. E aí você tem que agir como se não se importasse. 















 É chato quando alguém faz você se sentir especial, e de repente te deixa de lado. E aí você tem que agir como se não se importasse.

21 abril 2011

Pare, pense, mude

Há certos momentos na nossa vida em que precisamos fazer uma renovação, uma mudança. Não importa o que você queira jogar fora, se for pra te melhorar e pra te fazer ainda mais feliz, mude. Mas como dizia Clarice, mude devagar, porque a intensidade é bem mais importante que a velocidade. Mude o quanto quiser, mas mude pra melhor. Quantas pessoas não vemos por ai que se transformam em seres que julgamos nem mais conhecer? São pessoas que mudam apenas pra si e esquecem a forma que melhor equilibra o próprio bem e o bem das pessoas que estão ao seu redor. O que quero dizer é que a nossa mudança não deve apenas fazer o NOSSO bem. Saber alegrar quem está cosnosco é ainda mais gratificante e tem muito mais prestígio. A gente consegue mudar ainda mais. Pegue um pequeno papel em branco, aquele não te serve mais e escreva algo que você queira muito se desfazer, jogar no lixo. Dobre-o e jogue fora, queime-o ou o rasgue. É algo simbólico, mas que pode ter um poder espiritual e psicológico muito grande em cima de você. Mas eu te digo uma coisa, deixe consigo o amor e o melhor que você souber fazer. Valorize aquilo que no fundo você sabe que precisa e que por um orgulho besta e fatal te faz virar as costas. Valorize alguém. Você sabe o que quero dizer. Sempre existe uma pessoa que está sempre ao seu lado, não te deixa cair, e se deixar sabe bem como te levantar. Mas nem sempre você sabe enxergar esse alguém e muitas vezes ignora, esquece, desaparece. Ao menos se preocupe, ame. Amar não é pedir demais. Agradeça também por tudo. Mesmo por algo que te trouxe lágrimas e tristezas. Uma coisa eu te garanto: TUDO que vem para nos derrubar é para que nos tornemos cada vez mais fortes para nos levantar, até chegar ao ponto de não cairmos mais. E tudo que nos estimula é somente para termos a vontade de seguir em frente. Há um livro que conta a história de uma garota chamada Poliana. Ela sempre foi uma menina muito feliz e isso costumava encomodar algumas pessoas. Ela praticava e ensinava a todos aqueles amargurados com a vida, o 'jogo do contente'. O jogo fala para sempre olharmos o lado bom das coisas, e sorrir apesar de tudo. No livro isso deu bastante certo, mas é pura ficção. Porém não é nada impossível de alcançar, pelo contrário. Basta ser feliz, e sinceramente, isso é bastante fácil quando se quer. Então não ligue para o que as pessoas vão dizer sobre você, isso muitas vezes não vai acrescentar. Seja feliz por si e por quem te ama isso basta muito. Sinta saudades, chore e sorria. É assim que a gente lembra com amor no coração e tristeza no peito de tudo que passou. "Não pense no amanhã como se fosse um dia qualquer, pense como se fosse sua última oportunidade de dizer e fazer coisas que são importantes pra você, e que talvez possa fazer a felicidade de alguém mais, alguém que de algum jeito é especial. Não tente driblar o destino nem a felicidade, viva apenas sua vida, de um modo intenso porque os dias passam e o que nos resta são só lembranças de um dia, ou um momento, por mais curto que seja, mas que significou muito."

Dani Fechine

16 abril 2011

Como o mundo vai acabar?


A indignação de muitos é bastante compreensível quando se abalam com esses acontecimentos trágicos que tomam conta do nosso país e das nossas vidas. São vidas jogadas fora e sonhos que perderam a oportunidade de se realizarem. O que leva um ser humano a invadir uma escola e matar inocentes? Escola foi feita pra estudar, tudo bem. Mas quantos pais não estavam tranquilizados naquele momento, achando que seus filhos e filhas estavam seguros e bem cuidados dentro daquele prédio? Aí chega alguém e destrói toda essa calma e todo o conceito de "escola protetora". Nada pode justificar. Não é doença, não é vingança. É loucura. E essa loucura não se justifica. Vidas foram levadas juntamente com a vontade de viver um dia após o outro na esperança de tudo ser melhor. Crianças que ainda tinham anos e anos pela frente, crianças que ainda tinha muito pra chorar e pra sorrir. Elas ainda tinha que brincar naquele dia, ler um livro e ouvir músicas. Algumas daquelas crianças ainda tinha que dar um abraço na sua mãe e no seu pai. Faltou equilíbrio, bom senso e piedade. Faltou um pouquinho sequer de amor e de Deus no coração dessa criatura, que nem de ser humano eu posso rotular. Faltou, talvez, uma vida melhor, um carinho que ele não recebeu, um abraço que lhe faltou ou uma família que sabe-se lá se existiu. Faltou tudo. Menos coragem. Coragem e vontade de fazer o que fez. Uma brincadeira de mal gosto quando criança, um empurrãozinho, falta de atenção... Será que podem ser motivos que o levaram a matar? E será, ainda, que ele tem o direito de chamar essas pessoas de 'más'? Gente ruim é gente que mata. Aquela que tira a vida de alguém sem ao menos saber o porque de fazer aquilo, aquela que provoca o medo não se importando com qualquer reação. É aquela que não se preocupa nenhum pouco com o que virá depois. E o que fazer agora que o massacre já passou, que os corpos já nem vemos mais? O que fazer com aquelas família que sofrem e não se conformam? Sim, porque não há como se conformar. O que pode ser feito com aquelas crianças que levarão para a vida toda o medo de ouvir um 'toc toc' na sala de aula? E com o próprio medo de ir a escola? Esse sentimento de que alguém, de uma hora para a outra, pode te matar, não vai sair jamais do coração e da mente de cada vítima daquele assassino. O medo e a lembrança vão caminhar juntos, e infelizmente são poucas as coisas que podem mudar isso. E o pior é que nem muda totalmente. Como o mundo vai acabar? Em tiros, em violência, em desespero, em angústia, em mágoas, em rancor, em vingança, em desamor, em desunião? Fortes são aqueles que diante disso tudo, diante do medo, da lembrança e do susto, ainda consegue sorrir e contagiar todos que estão a sua volta. Esses sim são cheios de vida e prontos pra enfrentar todo o mal que nos rodeia a cada minuto das nossas vidas. Já dizia Cazuza: "Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói."



Dani Fechine

15 abril 2011

Bob Esponja: O que você costuma fazer quando eu vou embora?
Patrick: Espero você voltar.

Sempre passa!

"Agora não dá mesmo pra ser feliz, é impossível. Mas quem disse que a gente precisa ser sempre feliz? Isso é bobagem. Como Vinícius cantou “é melhor viver do que ser feliz”. Porque, pra viver de verdade, a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, dói demais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar."


Caio Fernando Abreu

09 abril 2011

Sonho?

Essa noite eu tive um sonho. Daqueles que realmente podemos chamar de sonho; daqueles que temos medo de acordar, simplesmente por ter medo de ser um sonho. Dentro desse sonho, eu acordava e para o meu melhor sorriso, eu não estava sonhando. Tudo aquilo realmente estava acontecendo e era muito real. Foi como se eu estivesse vivendo tudo que eu queria pra hoje, pra amanhã e pra sempre. Foi como se um sonho se realizasse. Mas no sonho ele se realizou. Só que dentre essa confusão inteira, esse sonho dentro de um quase sonho, eu acordei. E por mais bobo que pareça, eu chorei. Chorei simplesmente por ter apenas sonhado. Fico pensando se é um sinal para algo que esteja por vir, bom ou ruim, ou se é apenas o fato de pensar tanto. Mas eu nunca quis tanto dormir eternamente, eu nunca quis tanto que tudo fosse verdade e que eu não estivesse dormindo. Porque você não resolve me acordar?

Basta!


02 abril 2011

Relato Pessoal - Prova de redação

Foi um dia à tarde. Um dia qualquer, uma sexta-feira quente e com um clima insuportável. Como de praxe, o cansaço era maior que eu, e do que todos nós juntos. Antes de tudo, eu estudei. Ou melhor, dei uma lida rápida e alta como se já soubesse de quase tudo. Bateu um sono, dormi um pouco. Acordei eram 15:25 e digamos que já estava na hora de sorrir.
Coloquei uma roupa qualquer, um short folgado pra me sentir mais a vontade na hora de ser feliz. Melhorei o hálito, passei uma escova nos cabelos, calcei uns chinelos qualquer, busquei o filme que estava próximo ao DVD e parti para a esquina. Não pense muita besteira. É que a casa da minha amiga fica logo lá, então se eu chego na esquina, chego em sua casa. Deitei em um batente que tem no terraço, e com uma brisa deliciosa batendo no meu rosto, esperei por mais de uma hora os meus amigos que, pelo visto, demoraram para chegar. O primeiro deu o ar de sua graça, e uns minutos depois, chegou o outro, com suas desculpas de sempre por seus atrasos. Isso é tão comum, que agora eu só faço rir de tanto esperar. Não demorou nenhum segundo. Comecei a sorrir por qualquer esteira, por uma borboleta sequer que passava por mim, ou por algum tombo que eu mesmo levasse. Faltou pipoca, fomos comprar. E a cada passo que eu dava, era uma gargalhada diferente e cada vez maior. É a presença amigável ao meu lado que me torna assim. Assim lesa, assim alegre, assim assim. O filme? Um dos melhores e mais engraçados possíveis. Já deve imaginar o quanto eu ri não é mesmo? Exato. Sorri como uma criança ao ganhar um pirulito e como uma boba apaixonada. Sorri. Mas nem tudo dura pra sempre. Morguei. Entristeci. Talvez porque chegava a hora de ficar 'sozinha'. Talvez por que aquele momento estivesse chegando ao fim. Talvez porque eu tenha passado da conta nos sorrisos. Mas não. O problema estava na falta. Na falta de alguém. Na sua falta. Aquele momento, ia sim, ser o mais colorido possível. Mas no futuro eu iria encontrar falhas. Eu iria encontrar riscos em preto em branco. E tudo isso por conta de uma simples ausência. Tão simples que tomou uma complexidade incomparável.
Foi um dia daqueles que a gente rir tanto que fica triste. Foi mais um dia que eu sorri e esqueci de você por umas horas. Foi mais um dia que eu adormeci e vi que faltava alguém muito importante, muito essencial e, de alguma forma, muito insubstituível. E naquele momento eu notei que é verdade quando alguém fala que ao lembrar de momentos inesquecíveis sorriu e chorou. Aquele riso de saudade e aquela lágrima de alguém que não sabe o que fazer. É porque era tão bom que sentimos falta. E saudade sempre vem acompanhada de lágrimas.

Dani Fechine

01 abril 2011

"Do riso fez-se o pranto"

Eu poderia jogar aqui todas as lembranças e memórias que eu nunca quis jogar fora. Como aquele Carnaval diferente, sem blocos ou festas. Como aquele abraço de consolação que eu recebi, quando pra mim foi o mundo caindo nas minhas costas. Eu preciso te dizer tudo que aconteceu nesses últimos dias. Eu preciso te enviar um torpedo assim que o sol nascer e te dizer que o dia amanheceu muito lindo por estarmos tão bem. Eu preciso te dar 'bom dia' e esperar ansiosamente uma resposta, sabendo que quando eu menos imaginar ela irá chegar, ou então nem chegará. Mas eu terei te desejado um ótimo dia. Eu preciso acordar, pelo menos mais uma vez, na segunda-feira com aquela agonia e necessidade de apenas dormir pra ver se a semana passa mais rápido e o teu rosto vir a minha frente. Ultimamente eu ando muito mais agoniada. Eu não sei mais se o final de semana é uma boa opção pra mim. Mas eu preciso, ainda assim, te contar que eu assisti aquele filme que você tanto me falava, e dizer que eu amei. E só por você falar tanto nele eu já gostei um pouco, mesmo antes de vê-lo. Eu preciso te ligar e te dizer que eu nunca vi criança mais linda. Preciso te falar que há vários filmes ótimos em cartaz, e que gente podia ir ver juntos, como naquele Carnaval. Foi a última vez que pus os pés por lá. E sei que lembranças vão despertar quando ali eu voltar. Eu queria te ver mais uma vez, assim triste, assim quieto, assim assim, quando seu time de futebol perder mais uma partida. Não que seja bom te ver dessa forma, mas eu teria mais uma chance de te abraçar novamente e te dizer que foi só uma partida de futebol. E como um cavalheiro eu iria receber um beijo na testa. Sinceramente, isso mexe comigo. Eu gostaria de te falar que eu andei um pouco triste e silenciosa pelos pátios da escola. Pensativa e esperançosa, não posso negar. Preciso te falar que criei desavenças por conta da minha quietação e acabei achando que a culpa não era minha. Andei meio solitária, mas consegui esconder um pouco disso no meu sorriso. Pois é, também ando sorrindo bastante. A minha vizinha da carteira da escola consegue arrancar diversas gargalhadas de mim, e uma tarde de filme com os amigos mais chegados é sempre bom pra fazer a barriga doer de tanto rir, e esquecer por algumas horas o que te inquieta. Mas ai no final você morga, aquieta e sente que algo está faltando nesse momento. É, eu menti. Na verdade está faltando alguém, estava faltando você. E eu sabia desde o começo que aquela seria mais uma lembrança das que se encontra uma falha, um pequeno risco em preto e branco. Sabe o que eu queria te dizer também? Eu não consigo mais acordar de manhã cedo e não procurar aquela mensagem que recebi no meu celular, com aquelas palavras mágicas que mexem com o nosso coração e que, de forma sincera ou não, há uma verdade. E pensar que uma semana antes de eu prever o esperado, eu ouvi essas palavras pela terceira ou quarta vez, e dessa vez acompanhada de um 'chata'. Mas eu amei ouvi aquilo. Foi a última vez que te ouvi com clareza. Uma semana depois eu já não conseguia ouvir com perfeição, tudo desnorteou. Mas sabe que eu ainda lembro de tudo? Na verdade você sempre soube que eu não esqueço de data alguma ou de momento algum. É como se eu fosse um calendário humano, você sabe bem. E eu lembro que daqui a uma semana, por motivos de distância mesmo, nós iriamos nos falar virtualmente através do seu "filho" (aquilo que é conhecido popularmente como 'celular'). Confesso que nesse minuto eu passei a amar aquele aparelho eletrônico que conseguia, por alguns minutos, ser mais importante que eu. Lembro o quanto a gente riu com essas brincadeiras. E só havia uma pessoa, aparentemente, mais feliz que nós. Aquele senhor sentado ao nosso lado na cadeira do cinema, que conseguiu a proeza de rir do começo ao fim do filme.
E hoje só tem uma coisa que eu não consiga recordar: a senha do seu cartão de crédito.

Dani Fechine