29 dezembro 2011

Novidade pra vocês

Que o blog está com um novo design não é mais novidade. Mas tenho algo que talvez irão gostar. É a Fan Page do blog. Pra quem não sabe, é uma página no Facebook onde vocês [leitores] poderão curtir e ficar por dentro de todas as novas postagens, frases dos textos, e as novidades que poderão vir. Outra novidade é que toda semana terá algo de diferente pra vocês por aqui, algo que saia da rotina. Vai se chamar: Mudando a rotina. Uma anedota, uma crônica, um conto. Algo que saia dessa monotonia do melancólico. Alguns dos textos não serão escritos por mim, o que é ainda melhor, porque divulga a competência de outras pessoas. Então, se você também tiver um bom texto engraçado, divertido, irônico ou qualquer outro que não seja de amor por aí, peço que faça o seguinte: Deixe o texto nos comentários desse post, e avise na Fan Page para que eu venha conferir. O comentário não será publicado, postarei o texto em postagem exclusiva. Irei analisar e postá-lo aqui, uma vez por semana. O primeiro virá no dia 1º de janeiro [NÃO DEIXEM DE VER]. Isso é apenas uma tentativa, se der certo, continuarei com ela. Então, aguardo os textos de vocês. Se eu não receber muitos, ou nenhum, os textos ficam por minha conta mesmo. Beijo enorme e até o próximo post.

Dani Fechine

Infeliz conto de amor

E ela foi embora com a intenção de não mais voltar. Dobrou a esquina ainda pensando em desistir correndo, falando aquelas coisas melosas de filmes de romance, que nenhum mais consegue viver sem o outro. Mas deixou a fantasia de lado e continuou. Não sabia realmente o que tinha feito. Quando uma escolha te machuca é a sua cabeça e o seu coração que sofre. E não voltou atrás. Guerreira ela que conseguiu ser forte o suficiente pra persistir em uma escolha. Ir pra não voltar... Isso é complicado. Ele ficou sentado na calçada, esperando que o caminho até a esquina se alongasse um pouco. Não havia nada mais belo pra ele do que aqueles cabelos longos e pretos se balançando com o vento. E deixou cair uma lágrima. Seus dedos nunca mais sentiriam aquele cabelo, o ombro, a mão. Mais nada. Um para o norte o outro para sul, com a intenção de nunca mais se olharem. Ela por querer aproveitar mais a época dos solteiros. Aliás, bem vindo ao carnaval. E ele por ter sofrido o bastante pra não mais querê-la em sua vida. E assim foi. Cada um do seu lado, vivendo uma vida estranha. Ele resolveu mudar e ser como ela. Não perdia mais festa nenhuma. E nessas horas aparecem mil e um amigos solteiros. “Alô?” “Não importa, vou com vocês.” Aprendeu a beber e entrou naquele padrão da sociedade. Camisa da moda, tênis da moda, cabelo da moda, e claro, não podia faltar o carro com aquele som estrondoso. Seu carnaval foi o melhor de sua vida, segundo ele. Parecia milho em pipoqueira. Ela, como é de se esperar, fez o mesmo. Resolveu mudar e ser como ele. O carnaval? Parecia um milho já pipocado. Ficou em casa, lendo um livro, escrevendo uns textos e chorando as mágoas. Com saudades de alguém que ela escolheu não ter mais. Deixou um para ter vários. Deixou de ser única para ser mais uma. Acabou sentindo falta de ser selecionada. “O quero de volta.” Ela não cansava de repetir a mesma frase com a mesma voz de quem havia chorado a noite inteira. Ele? Nem lembrava mais quem era Rosa, “aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor”. Foi embora, de bar em bar, mulher em mulher, até não ter mais dinheiro pra “solteirar” por aí. Namorar custava menos. Ela, depois do carnaval, enfiou a cara nos estudos pra ver se deixava de querer tanto o que não mais devia. Ele parou quieto. Sua fase de farreiro durou pouco, mas aproveitou bem. O suficiente pra esquecer quem não queria mais lembrar. E o destino se encarregou bem de escrever essa história. Tão bem, mas tão bem, que as linhas foram retas o suficiente para nunca mais se cruzarem. Ela, nunca o esqueceu. Ele, nunca esqueceu o que ela o fez passar. A dor sempre muda de lugar. É como enviá-la de volta ao remetente. Quem a fabricou que tome conta. 


Dani Fechine

27 dezembro 2011

Tempo (escrito para uma aula da saudade)


Paro pra pensar se o tempo realmente é algo que devemos fazer reverencia. É um inimigo e um anjo ao mesmo tempo. Nos ajuda a esquecer o que não queremos mais lembrar, mas ao mesmo tempo nos faz fazer uma viagem no passado voltando para aquilo que fazemos questão de viver novamente. Para nós, o tempo será fundamental. Fundamental não só para lembrar cada momento juntos, cada sufoco, cada agonia e cada sorriso que fizemos questão de compartilhar. Fundamental também para nos fazer aprender a conviver com a saudade, que a cada dia vai apertar um pouco mais. Talvez tenhamos que agradecer por este tão maravilhoso recurso, que nos faz perder a cabeça e ao mesmo tempo colocá-la no lugar.
Indispensável dizer que para nós, a partir de hoje, ele passará cada vez mais rápido. Há pouco tempo estávamos aprendendo a ler, a escrever e estávamos construindo nosso então edifício tão valioso: o passado. E parece que conseguimos fazer isso muito bem. Logo em seguida, aprendemos o que é ter responsabilidade, e os professores não nos tinham mais como filhos. A relação se tornou a mais profissional possível. Aprendemos. Aprendemos com o tempo. E de repente nos vemos aqui. Estamos prestes a dar um passo decisivo nas nossas vidas. Não há mais a relação de professor e filho, ou mesmo professor e aluno. Agora é com você. Somos nós contra todo o mundo. E vamos levar isso adiante muito, mas muito bem. E sabe por quê? Porque o tempo nos ensinou a esperar o momento certo, ele nos ensinou, com muita delicadeza e num ritmo curto, a termos a responsabilidade que merecemos e a conviver com cada dificuldade que insiste em aparecer nos nossos caminhos. Vá lá, se não fosse o tempo, eu nem saberia ao menos escrever esse texto.
Para nós, o tempo passou. Passou tão rápido que nunca imaginávamos estar aqui, todos presentes, como uma despedida, uma boa despedida. O tempo nos ajudou a entender o “adeus” como um “até logo”. Nos mostrou que não há caminho tão difícil que não se possa enfrentar.
Dê tempo ao tempo. Não se prenda na idéia de que ele resolve tudo. Precisamos saber usá-lo ao nosso favor. Precisamos do tempo para saber a falta que cada um vai sentir desse momento, e de anos atrás também. É aquela velha história... O tempo vai passar, os amigos não serão mais os mesmos, os caminhos vão se encurtar, talvez nos esqueçamos, talvez não. Cada um pro seu lado, esperando que um dia, a nossas linhas sejam muito tortas para poderem se cruzar. Com o tempo você vai percebendo que suas derrotas são as vitórias mais saborosas, você começa a usufruir dos momentos com o carinho e alegria de uma criança e analisar com a responsabilidade de um adulto. Com o tempo... Você cresce. E você sente falta de quando queria ser adulto. Com o passar do tempo você aprende direitinho a construir sua estrada para o futuro, para não ser tão incerto quanto é. Mas o tempo vai nos mostrar que somos tolos o bastante por acreditar que um dia conseguimos escrever o futuro. O tempo se encarrega de escrevê-lo para nós. Então, hoje, o tempo faz jus ao seu papel. Nessa noite voltamos no passado pra sentir saudade. E daqui a alguns anos faremos o mesmo a respeito dessa noite maravilhosa. Com o tempo, sentiremos saudades. Com o tempo, aprenderemos a conviver sem os risos nossos de cada dia. Aprenderemos, caminharemos, entenderemos... Com o tempo.

Dani Fechine

26 dezembro 2011

Magia do Natal?

 Tudo começa assim: o natal está chegando, preciso de roupas novas e sapatos também. E as pessoas vão a procura de algo que a satisfaçam, de algo que as deixem mais bonitas, arrumadas e com um ar de comemoração. E por aí vai. Ajeitam os cabelos, fazem a melhor das maquiagens, por que aliás, tem que sair bonita na foto né? Compram das comidas mais caras, as mais variadas possíveis, e no dia da ceia se empanturram para no outro dia reclamarem de uns quilinhos a mais. Compram presentes para todos os parentes, e até pra alguns amigos. E, ah, é só uma lembrancinha. Estouram o cartão de crédito, pintam a casa, colocam as belas luzes no jardim de casa e a tão esperada árvore de natal na sala. E aí chega o dia 24. Não é dia de desejar ainda o "Feliz Natal" mas é dia de comemorar. Comemora algo que muitas dessas pessoas nem sabem. Mas vamos comemorar. Não sei o que. Mas vamos. É assim. O pé da árvore já não cabe nenhum friso, já está muito cheia de caixas e embalagens bonitas de presente. Chega a hora do amigo secreto e todo mundo é "uma pessoa muito especial". Em seguida, todos comem as delicias que a vovó faz, e vão pra casa super satisfeitos, esperando por mais uma festa na próxima semana. E a magia? Vocês encontraram no meio dessas palavras? Não, não. A magia do Natal se perdeu em meio aos presentes, as roupas, as comidas. E não se vê mais o brilho natalino tomando conta da cidade e das pessoas. O consumismo tomou um pouco do seu lugar. Mas afinal, o que é a magia do natal? O que é o tão falado espírito natalino? O que faz as pessoas tanto esperarem por essa data? O que faz todos arrumarem a mesma desculpa: "Mas hoje é Natal..."? Talvez seja o ar que passe uma sensação de felicidade. O que é? As pessoas ficam boazinhas nesta data é? O humor muda, o sorriso contagia um pouco mais? Como é que funciona? Os abraços multiplicam juntamente com as saudades, e o perdão começa a ser palavrinha normal, é isso? Ou será que a magia do natal são pozinhos dourados caindo do céu? Acreditaria mais se fosse assim. Os shoppings lotados, as filas enormes, os assaltos triplicados, os desastres maiores ainda, e ainda a esperança de tudo ser diferente. Que contradição. E agora a preparação é para data do branco. A data da renovação, das mudanças. A data da virada. A data que faz as pessoas pensarem que no outro dia tudo mudou. Em uma noite os problemas mudam, as alegrias mudam, os sorriso mudam, as pessoas mudam? Sério? Que tolice. Em uma semana o ano mudará, as esperanças também não serão mais as mesmas, o exagero permanece, óbvio. A incógnita da magia do natal volta no próximo ano, os brilhos do Réveillon também. O espírito natalino cada vez mais extinto e você com o velho cinismo de sempre concordando com toda mudança do mundo. E o clichê mais mentiroso da "esperança de um mundo melhor" continua. E ninguém move uma palhinha para o "mais mentiroso" sair da jogada.  


Dani Fechine

19 dezembro 2011

Um velho ciclo


Olha só, vou te contar uma coisa, aí você me diz se concorda comigo ou não. Quando parece que tudo vai de vento e poupa, quando a paz resolve voltar, quando o coração até muda de nome, quando o sorriso muda de motivo, quando ele não é mais a razão de nada, quando a presença não te incomoda mais, as coisas resolvem virar de ponta a cabeça mais uma vez. Como um estalo de dedos, tudo muda. Mesmo que por um instante, seu coração não é mais o mesmo, seu sorriso voltou a ser pelo motivo antigo, a dúvida paira e Deus sabe bem a tremedeira que você sentiu. Acho que ninguém nunca vai entender o que é olhar pela janela, ver aquele rosto antigo, duvidar do que ver e olhar mais uma vez pra ter certeza. E quando realmente cai a ficha, as pernas já estão mais bambas do que a corda do circo, o estômago está mais embrulhado do que presente pra criança, e você já não sabe mais como sorrir. Você simplesmente não sabe se sorrir pela surpresa ou se chora pelo trágico momento ser tão conhecido e se tornar tão distante. Você, inevitavelmente, faz com que aquela implicância vire apenas um indago de alguém que não se vê ou se repara a muito tempo. As novidades são as mais profissionais possíveis, pessoais nem pensar. Intimidade nunca mais. Abraço nem frouxo. Pra que? Pra você sentir minha tremedeira? Fiquemos longe, melhor assim. Eu faço minha cara de surpresa daqui e você faz a sua que você sabe fazer muito bem. Aquela de que nada nunca aconteceu. E age com a situação de bons e velhos amigos. Coisa que fomos um dia, e que hoje deixamos o "amigos" de lado e passamos a ser bons velhos, amargurados pelos descasos da tentação. Velhos no coração, no diálogo e no apelido também. Aquele velho "velha" de sempre. É facinho de entender. A questão é que se tornou tão simples pra você que a complexidade se esconde de tudo quando as linhas tortas se cruzam sem querer. Na verdade, sempre por querer. Nunca procuro me topar com alguém que vai me deixar confusa até de falar. Alguém que se olhar nos meus olhos vai me fazer voltar uma vida inteira. Não costumo me torturar tanto. Um pouquinho só, como todo mundo. Evito os encontros desencontrados. Vivo cruzando com eles. Mas deixo esses só para os eventuais retornos. Que de um tempo atrás em diante foi colocado um ponto final. Finalmente a contra-capa foi finalizada. No livro não se escreve mais. Mas aí você vem com aquela cara de sempre de que tá gordinho mas tá bonito e mostra pra que veio. Faz aquela de que tem compromissos, como sempre fez, mesmo sem ter, e vai embora como se mais uma vez nada tivesse acontecido. Aí, como é de se esperar de alguém que nunca soube o que queria, no outro dia ele passa por você e finge que não te vê, que não te conhece e que nunca te beijou. E vai. Vai pra ninguém perceber que ele quer falar com você, mas não pode. Não pode, não deve, não necessita, não precisa. Meia volta ele resolve dar uma passada nesse blog que não é lá essas coisas maravilhosas, e dá de cara com um texto desses. Sente raiva, fala mal até pra quem não deve, e depois de milênios volta novamente, quem sabe pra pedir um favorzinho. Ou talvez alguém viu o texto e mostrou a ele. É, é... A probabilidade da segunda opção é bem maior. Mas o que quero dizer é que isso tudo é um ciclo. Que no final você sempre some mesmo. Sempre muda, sempre vai. E que não me importa mais nenhum pouco as suas infinitas e não verdadeiras intenções. Vai, vai. Continua indo. Mas ver se dessa vez muda o clico. Vá, mas continue lá. Bom te ver, infelizmente


Dani Fechine

12 dezembro 2011

Estranhas palavras

Eu quero não sentir nada. Quero não saber o que é um frio na barriga quando sequer vejo o nome. Não quero mesmo ouvir o toque de mensagem do celular e correr pra dá uma olhada, com uma ponta de esperança que todo mundo tem. Eu não quero sentir o arrepio que vai do primeiro fio de cabelo até o dedão do pé, só porque ouvi alguém comentar sobre ele. Não quero ter que te decifrar. Decifrar cada letra, cada palavra e cada expressão sua. É difícil decifrar o desconhecido. Sinceramente, eu quero voltar. Quero voltar pro nada que havia, pro nada que se fez tudo por um tempo. O nada que eu tanto reclamava existir. Quero não precisar me desesperar por não saber o que falar. Quero dizer um não sem me importar com mais nada. Muito menos sem me arrepender. Eu, e está bastando, quero jogar esse sentimento fora. Que coisa mais chata. Ficar feliz por qualquer coisa que é dita, se derreter toda por que quando ele sorri os olhos se fecham, achar lindo o que é feio só porque está nele. Me poupe. Meloso demais, bonitinho demais, fofinho demais. Dizer que estou apaixonada? Que coisa estranha. O nada se perdurou por tanto tempo que eu nem sei mais o que é isso. Embrulha-me o estômago. Eu não queria. Não quis. Mas parece que você irradia um veneno muito forte, que mesmo muito longe consegue me atingir. Acho que é por isso que você sorri tanto. Pra atingir os outros. Mas não sei se você sabe... É que eu sou fissurada em sorrisos. Quero dizer que é covardia você sorrir pra mim, ainda mais com essa poção mágica de algum feitiço que você joga junto com ele. É covardia você vir, eu não perceber, você voltar e eu querer. É muita covardia sua me fazer insistir. Não me encaixo nessa situação. Isso realmente não é pra mim. Mas parece que quanto menos isso me identifica mais eu devo ir fundo. Não é da minha lei ir atrás do que não me convém. Mas isso me convém tanto que pouco me importa o arrependimento depois. Convém-me o máximo possível pra que eu faça o mínimo que já pensei fazer. Convém-me tanto, que eu já até deixei, por alguns minutos, de ser eu mesma e me perdi numa pessoa onde nunca havia conhecido. É tão estranho que me faz querer ser eu. Não quero me perder em alguém desconhecido de novo. A sensação que vem depois é terrível. Mas quero me perder em você sem deixar de me encontrar. Eu quero que seja difícil, mas que eu consiga. Não quero mostrar nunca o que não sou. Então não me faça insistir mais um pouco. Não quero sentir nada. Nada que me faça ser sozinha, compartilhar sozinha, sentir sozinha. Não quero sentir nada que você também não sinta. Quero voltar a escrever coisas lindas. Coisas lindas que não doem. E que mude. Que volte. Que permaneça. Fique.

Dani Fechine

11 dezembro 2011

Rebuliço sem nexo


Cá estou eu, sentada na poltrona da sala com uma brisa leve batendo em meu rosto. Sempre que me encontro nessa situação de que nada mais pode me atingir, apenas o vento que me bate sem eu ao menos perceber, abro a página de rascunhos do blog e me coloco a escrever. Talvez hoje eu tenha muita coisa pra falar, pra refletir. Talvez eu tenha muita coisa pra pensar, pra quem sabe até agir. Tenho um verdadeiro nó em minha cabeça. E vou te contar, tá muito fácil de desatar, só preciso de uma mãozinha. Estou de um jeito que achei que nunca mais me encontraria assim. Estou sentindo algo que faz tanto tempo que não sinto que ate parece novo. E realmente deve ser. Deve ser tão novo, mas tão novo que não sei o que fazer. E quando você se perde no meio de tantas palavras, de tantos acontecimentos e de milhões de sorrisos, você, simplesmente, se perde em si. Milhões de sorrisos e apenas um na sua frente. Sempre fui muito fascinada por eles. Ao ponto de me apaixonar por tal. Não sei explicar o porque, mas prefiro os sorriso aos olhares. Me escondo atras dos meus óculos escuros e vejo tudo que o meu olhar capta. Interessante é que ele vai diretamente para os dentes brancos sorrindo de ponta a orelha. Costumo me entender quase sempre. Costumo saber exatamente o que se passa. Faço aquela de desentendida pra mim mesmo, sabendo que no fundo entendo cada dúvida que eu tenho. Mas confesso não ter mais certeza de nada. Sei que o que se passa hoje é algo que me deixa muito leve e bem. Apesar da agonia tremenda que nunca me abandonou. Faz questão de andar sempre ao meu lado. Nao a espuço porque sei que sem ela eu jamais confirmaria o que sinto. Me conheço como a palma da minha mão. Sei exatamente cada ponta de sentimento que quer surgir ou desaparecer. E sei também qundo se deve aflorar. Infelizmente eu só sei, não comando nenhum desses volantes que, sinceramente, gostam um pouco da contra-mão. Andam meio errados. Mas me fazendo bem. Se é que isso consegue se igualar. O vento esta ficando frio, é melhor me retirar. E no meio de tanto rebuliço, de tanta falta de nexo, de tantos assuntos remendados, eu só deixo a afirmação de que quando sento nessa poltrona a minha vida passa por mim. As ideias nunca estão no lugar. Mas sempre muito em ordem.


Dani Fechine

07 dezembro 2011

"Tudo que se vê não é"

Paro pra pensar e me pego em alguns meses atrás. Ai então volto pro meu presente. Remexo em fotos passadas e observo que hoje nem fotos existem. Enfim concluo como as coisas mudam em um curto espaço de tempo. Meses atrás estava todo mundo muito feliz e numa situação completamente diferente da atual. Não quero agora a infelicidade tenha batido. Mas está tudo muito misturado, muito frio, muito seco. Não vejo mais sorrisos como antigamente. Não vejo mais abraços sinceros como eu vi tempos atrás. Eu não vejo sequer um amor verdade nascer novamente. Será que os que haviam morreram? Ou simplesmente se esconderam, adormeceram mais uma vez? Sabe aquela imagem que a gente ver em filme, quando o cupido lança a flexa e separa os casais? Sem brincadeira, parece que isso realmente aconteceu ou acontece com todo mundo. Se a gente pegar uma foto de um passado digamos que bom o bastante pra ser feliz e trazê-la para o presente totalmente invertido, acabamos por esquecer o motivo por tudo aquilo ter-se feito fim. Seriam máscaras de um sorriso sincero? Ou seria realmente a felicidade estampada no rosto de cada um? Parecia tudo muito bem. E num simples estralar de dedos as bocas se fecharam, os dentes deixaram de ser mostrados e as rugas de expressão não mais existiam. As pessoas parecem que mudaram seus lugares nas fotos e algumas parecem que resolveram colocar uma tarja preta no rosto por que "Meu Deus, esse não é mais o meu lugar". Outras nem parecem que um dia cogitaram ser felizes pra vida inteira. Juntos. Será que é realmente possível nada mais existir? Será que realmente as coisas mudam e nós nem percebemos? Mudanças drásticas passam por nós e são nas recordações dos momentos que passaram que a gente ver o quanto o que era reto se fez torto. Tão torto que se torna quase impossível de se igualarem novamente. Podem se cruzar, por uma curva qualquer do destino. Mas se igualar ao que já foi... Nunca. E daqui há um tempo ocorre a brilhante possibilidade de eu pegar esse texto, ler, reler e me perguntar de onde eu tirei tanta babaquice. Ou simplesmente de responder pra mim mesma que isso tudo é absolutamente a maior verdade que eu pude escrever. A mudança. E o que era meses atrás pode voltar a ser meses depois, anos depois. Mas hoje, não. Hoje guardo isso. Guardo as memórias e as fotos de um ciclo onde sorrisos não cessavam, onde abraços não eram contratos, e onde o amor se encontrava. Hoje não sei se me engano para achar tudo isso muito bom. Ou se deixo cair a ficha pra um futuro próximo um pouco diferente do que esperávamos. Mudanças estão por vir. E sempre estiveram. Agora eu tenho certeza. E concordando plenamente com o gênio Lulu Santos eu digo e repito cada letra que ele fez questão de cantar: "Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia."


Dani Fechine

05 dezembro 2011

Querido Papai Noel,


Não é porque não sou mais criança que deixo de te escrever. Venho através desta carta te pedir as melhores coisas do mundo. Venho te pedir que a criança que mora dentro de mim jamais me abandone e que sempre se aflore. Peço-te um coração desta e a razão de um adulto. Quero praia a tardinha, anúncio de pôr-do-sol, abraço na beira-mar e felicidade pra contemplar. Quero que o que eu já tenho, permaneça, e o que me falta, me engrandeça. Quero que isso que me falta — paciência, paz, paciência e tudo que eu acho que me falta  venha no tempo certo, mas que venha. Que venha e que me mude. Que me alegre, que me faça reviver o que já foi e que nem passou ainda. Que o que me amargurou fique bem lá atrás. Tão atrás, tão passado, tão 'já era' que eu não lembre nunca mais. E que os motivos que me fizeram sorrir apenas se multipliquem, tripliquem, quadrupliquem. Apenas que existam.
Querido Papai Noel, eu quero apenas que o senhor venha. Que desça pela chaminé e me traga a magia do natal. Que exista o pozinho dourado, e que ele brilhe, mas brilhe muito e me faça sonhar um pouco com tudo. Que me faça sonhar e realizar. Realizar e aproveitar. Aproveitar e viver mais um pouco num sonho onde não acordar é a regra. Que eu encontre um presente no pé da minha árvore de natal. E que não seja nada. Mas que venha embrulhado num belo papel vermelho com uma linda fita dourada.
Noel, eu não te peço mais uma bicicleta, um computador ou uma boneca. Não te peço que me traga guloseimas nem a casinha da Barbie. Eu só quero que venha e faça acreditar novamente no que não existe. Quero que meu pai se fantasie de você, caso o bom velhinho tenha muitos presentes a entregar e não possa vir à minha casa. Quero que minha mãe ache tudo muito engraçado porque eu acreditei que meu pai era o famoso velhinho com barba branca. Quero procurar meu presente por toda casa e no final das contas achá-lo embaixo da minha cama.
E quando enfim eu acordar disso tudo eu quero que tudo isso tenha me deixado super satisfeita com o meu natal. Porque eu não quero apenas a festinha com a família reunida e a famosa ceia de natal. Eu quero que isso tudo seja real. E o que é real, logicamente, não é falso. Eu quero que os sorrisos sejam sinceros e que os abraços sejam apertados. Quero que os votos sejam os melhores e os mais generosos possíveis. Aceito também um "Feliz 2012" muito clichê, se for o caso, se for sincero.
E quando o Réveillon chegar e o ano enfim mudar, eu desejo ter as pessoas que eu amo ao meu lado. Eu peço de Natal um abraço apertado de cada um que considero os meus irmãos, peço a presença de todos que fizeram o meu ano de 2011 o melhor possível. E que mesmo não parecendo, eu agradeço todos os dias por ter cada uma dessas pessoas comigo. Eu peço ao senhor, querido Noel, que a mudança seja clara. Que a de 2012 não seja tão igual a de 2011, mas que o que for bom fique. Então, se por um acaso você realmente vier, eu te peço que traga um pacote enorme de fé, esperança, paz e muito amor. Amor pra levar a vida até eu te escrever outra cartinha e você trazer a magia novamente. Amor o suficiente pra aguentar a vida, que não é por ter 17 aninhos que ela é tão fácil. Eu te peço amor pra tê-lo de volta. E não pra que ele venha aumentar o que já tem. Mas que ele retorne. Traz a vida novamente, Noel.
Tenho sido uma boa menina. E é por isso que sei que o meu querido papai Noel jamais me deixará. Estou deixando a porta aberta. Entre pela frente, por favor.


Com o mesmo amor e a saudade de sempre,
Dani Fechine.

01 dezembro 2011

Prestigiando a Paraíba

Amorério




Minha alma vestida em verdadeiro trauma
Cada ponto que eu traço é um beijo jogado em vão
Cada vôo mais alto, mais duro é provar o chão
Meu amor de viver é tão grande
É um desafio a toda a minha calma
Meu amor é grande, bem maior que eu
Amar, eu preciso amar tudo
Amar o que eu penso e o que não penso
E quem sabe até deixa sobrar amor pra mim também
Tanto amor disparado a todo instante
Quem bem sabe o bem de minh'arma se expões e ainda mostra o peito
E quem usa o arsenal de minh'alma por mim tem o maior respeito
Tanto amor amado à toa é minha Hiroshima sem saber aonde explodir
Explode em meu peito e os cacos de mim, se atirados ao Ponto Cem Réis
Que sejam restos de feira ou dados de Ibope no chão
Mas serão amor-primeira-página
Meu amor, se exposto em out-door gigante
Fatalmente será confundido com slogan de refrigerante
Se falado no rádio parece poema de poeta louco
Meu amor, se visto em filme, só será aplaudido na
morte do bandido
Se for bem sangrenta e arrancar do cinema
Aplausos e risos de quem consegue
Ter ódio nas veias e sangue na boca
E ninguém vai ver meu filme de amor
Amar demais até parece mal
Mas nenhum outro mal me faz tão bem!!!
 Adeildo Vieira  é compositor do nordeste brasileiro, nascido na cidade de Itabaiana, estado da Paraíba. Iniciou sua trajetória musical em 1984, desenvolvendo projetos culturais de natureza coletiva no Musiclube da Paraíba, entidade de músicos e compositores paraibanos por onde passaram artistas como Pedro Osmar, Chico César, Milton Dornellas, Paulo Ró, Escurinho, entre outros. 
cds/dvds: "Há Braços" e "Diário de Bordo"