26 maio 2012

"É como não ver o Sol mas ter certeza que está lá"

Hoje é uma noite daquelas em que algo muito grande brilha por trás de um ofuscamento.  É como se nada conseguisse apagar seu brilho, sua luz e sua chama. Hoje me parece uma daquelas noites em que você se torna a "totalmente  equivocada", uma noite, entre tantas outras, que fez seu brilho se tornar insignificante. Mas assim como a estrela de alguém sempre brilha quando a sua apaga, existe alguém, alguém muito especial (embora você não saiba) que precisa de você pra ter um brilho mais intenso.
Nossa vida é como um eclipse. Dependendo da posição da Lua em relação a Terra, ela brilhará mais amplamente. Quero dizer que nem sempre estaremos expostos em uma prateleira em promoção, daquelas que chamam a atenção de todos. E isso nunca é um privilégio. A promoção acaba, o produto volta ao seu esconderijo e voalá, ninguém lembra mais dele, só os bastante necessitados. Não há ninguém nessa vida que passe por você e permaneça eternamente da mesma forma. Novas pessoas vão chegar, vão mostrar que nem tudo precisa ser "desta forma" e então você também não precisa ser a única; a única amiga, a única namorada, a única confidente. As pessoas passam, a gente cresce. E crescemos com um sonho de nos encontrarmos no futuro, ou de construirmos o mesmo futuro.
Amizade é mesmo uma coisa engraçada. Eles querem te ver bem, te ver pra cima, te ver feliz. Mas nunca melhor que eles. Isso é a essência da humanidade. Não adianta discutir. Mas quem sabe te consola pensar que isso é necessário; você precisa está melhor que o outro para poder ajudá-lo a ficar bem. É ingênuo pensar assim, mas não custa nada ter um pouco de criança feliz dentro de você. Existem os "famosos amigos de verdade" que nós tanto ouvimos falar. Esses são uns 3, no máximo (agradeço por ter muito mais que isso). E eu acredito nisso, eu confio que isso exista. Um só já te faz feliz pra vida inteira, você sabe disso. Mas trate de conhecer logo as pessoas. Não as deixe apagar o pouco de brilho que te resta. Vá com uma figuinha nos dedos e um olho grego no pingente do colar, vai que ajuda né? Você não sabe o que fazer, até que sua única alternativa é tentar conseguir. Na verdade, essa noite é apenas uma daquelas que a Lua brilha por trás da arquitetura, pouco criativa, de edifícios. Você não a enxerga, mas seu brilho nunca deixará de estar lá. 


Dani Fechine

12 maio 2012

Lembro, logo existo

Sabe quando dizem que quando você morre todo o passado passa por você, como uma fita em modo disparado? Pois bem. Consegui trazer tudo de volta, sem pensar em nada, apenas fixando um olhar. Numa simples noite tudo que há muito tempo hibernava, despertou sem ao menos piscar os olhos lentamente. Quando eu vi já era tarde, nada mais fazia sentido de novo. E sim, isso tudo é muito chato, muito estranho e muito seu também. Sim. É muito seu. Porque é só você que consegue tirar o sentido e foco de tudo. É só você que consegue me deixar envergonhada sem nem saber porque, me fazer perder as palavras e a escolha. Bem que você podia aparecer sem causar tanto impacto, tanta sombra em mim. Bem que você poderia entrar por aquela porta e não estrondar tanto o meu coração a ponto de pulsar visivelmente. Ou quem sabe você não deveria remeter o passado com um "você lembra?" porque eu irei lembrar sempre, e um sorriso bobo vai vir ao meu rosto quando eu confirmar a sua pergunta. E não, eu não quero parecer mais uma vez uma ridícula apaixonada. Porque simplesmente basta você sentar na minha frente e não olhar mais para trás, pra quem sabe eu começar a odiar as suas costas de tanto olhar pra elas. Mas logo me apaixonaria pela sua nuca e seu cabelo preto meio bagunçado. É algo um pouco complicado não querer passar a mão na sua cabeça e te fazer um carinho. Porque é meio que automático, só que no modo desligado sabe? Eu acho que você deveria me causar menos. Ser menos você, menos apaixonante e transparente. Você deveria ser menos assim como você é; capaz de causar uma reviravolta, uma viagem ao passado, um vontade de fazer não sei o que, apenas com esse olhar e esse sorriso meio torto de quem sabe tudo que se passa dentro de mim. Você poderia diminuir só um pouquinho esse veneno viciante pra ver se eu conseguiria ser mais eu, quero dizer, sem ter um pedaço tão grande seu colado em mim.  Porque se eu dou um passo a frente eu olho para trás, fingindo não ser nada, mas sabendo que foi só pra ver se você ainda estava ali. E ficar te procurando naquele ambiente, e receber suas mensagens secas e frias que eu não ligo mais por serem assim, e te ver interessado em algo bom, e te ver ali, na mesma linha que a minha, no mesmo objetivo que o meu. Você deveria ser menos eu. Você deveria mudar mais as coisas. Porque sempre que você vai, muita coisa acontece, muita coisa muda, e muita coisa vai embora, mas muita coisa também chega. Só que quando você vem, não importa como, não importa a situação, não importa o momento, você sempre traz o mundo de volta. Aquele mesmo mundo de quando você havia ido da última vez. E parece que nada foi tirado do lugar. Você ainda sabe como me fazer calar: com aquele sorriso e olhar de quem está realmente certo, mesmo não estando, mas me impedindo de falar qualquer coisa para quem sabe questionar. Mas se quiser, não precisa ir. Eu sou capaz de querer cada defeito seu por perto.
E eu sou a pessoa mais vulnerável que existe se você se aproxima de mim, nem que seja do outro lado do mundo, eu ainda sou muito fácil de ser atingida por suas atitudes e palavras. Já dizia meu "mestre": "As pessoas que mais gostamos são as mais fáceis de nos 'destruir'. E elas conseguem te deixar no chão." E se você chega eu perco totalmente o senso crítico, a fala indireta e me entrego por cada palavra que pula da minha boca sem me fazer pensar antes de falar. E se eu não queria deixar nada transparecer eu sou a pessoa mais incolor que existe. Mas isso passa. Passa quando você resolve ficar de vez. Porque ser amigo é muio chato. Ser só amigo é estranhíssimo. Mas eu amo essa situação, ainda assim. Porque ser amigo é tão  importante quanto qualquer coisa. É ainda mais que qualquer coisa. É... Pensando bem, não existe nada de chato nisso. Porque ainda que o mundo caísse, ainda que nada mais existisse e ainda que o mundo acabasse, eu teria um amigo. Imagino que teria. Porque não importa quem você é, nem importa o que você faz. O que conta é o que você sente e o que você me faz ser e quem eu me torno. O que importa é que você lembra do que eu nem esperava ser lembrado por alguém tão esquecido, importa que você sabe minúcias que nem eu mesma sou capaz de decifrar e você sabe, de uma forma irreconhecível, ser o mesmo daquele dia. Embora só eu reconheça. E tem uma coisa maravilhosa que você sempre me traz de volta: meus melhores textos.

Dani Fechine