24 agosto 2013

Gente que me inspira - Listen

Hoje o post é diferente! Venho trazer pra vocês uma paixão musical. Uma pessoa de voz maravilhosa e reveladora. Tiago Iorc é um compositor brasileiro que morou na Inglaterra até os seus 5 anos de idade e hoje canta e encanta no mundo inteiro. 
Inspirem-se também! 
(letra original e tradução)
Story Of a Man

You spend most time
Trying to figure out
Why you can never figure out just what you're trying to figure out?
Spend more time living

You spend most time
Searching for the love that'll be searching for your love
You love to save your love for love
Spend more time loving

You spend most time
Talking 'bout yourself and how it matters to yourself
More than to anybody else
Spend more time listening

You spend most time
Judging everything as if you ever knew a thing
There's more to things than just one thing
Spend more time respecting

You spend most time
Worried 'bout what's to say about your silly little ways
Isn't that silly, anyway?
Spend more time flowing

You spend most time
Fussing, bluffing, hating all times
Bleeding

História de Um Homem (tradução)

Você passa a maior parte do tempo
Tentando entender porque você nunca consegue entender
Justamente o que você está tentando entender
Passe mais tempo vivendo

Você passa a maior parte do tempo
Procurando pelo amor que estará à procura do seu amor
Você ama guardar o seu amor para o amor
Passe mais tempo amando

Você passa a maior parte do tempo
Falando de si mesmo e como isso é importante para seu ego
Mais do que para qualquer outra pessoa
Passe mais tempo ouvindo

Você passa a maior parte do tempo
Julgando tudo como se até soubesse de alguma coisa
Há mais nas coisas do que somente uma coisa
Passe mais tempo respeitando

Você passa a maior parte do tempo
Preocupado com o que irão dizer sobre suas maneiras bobas
E isso não é bobo, afinal de contas?
Passe mais tempo fluindo

Você passa a maior parte do tempo
Reclamando, blefando, odiando todos o tempos
Sangrando

15 agosto 2013

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!". Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor

10 agosto 2013

Foge e fica


Parecia meio imprevisível e até surreal, mas te ver chegar, acelerar meu coração e tomar a minha fala fez tudo ser real demais. E até explícito, arrisco. O mesmo rosto de criança e a mesma conduta de adulto. Como você conseguia ser sempre um anti-herói de chinelos perdidamente apaixonante? Você transborda aquela mistura inata de vilão e mocinho. Gosto do seu lado vilão; quando você senta no sofá meio irritado: ou alguém pisou feio na bola ou foi você que pôs tudo a perder. Não foi futebol. De cara eu sei que não. Mas amo seu lado mocinho meio invisível: esse seu carinho singular e essa sua atenção que exala simpatia.

Olha Gerry, não sorri assim pra mim. Meu coração é fraco e minha paixão por sorrisos é escandalosa. Esquece de mirar em mim quando me avistar, ou tira os óculos pra não me ver. Tudo isso pra você não reparar o meu sorriso bobo (e ridículo) e essa minha cara de romântica em Paris. Não se aproxime! Pare onde está e não me toque. Não me deixe sentir o choque que você me causa porque a voltagem é tremenda, pode nos matar, Gerry. Pro seu bem, não me abrace. Não me prenda em você. Não diz que foi um prazer. Não diz que tava com saudades. Não me envolve nos teus braços porque eu não saio nunca mais. Eu juro passar o resto da noite com a cabeça no teu ombro e eu nem ligo pro desconforto e nem acho ruim se eu pegar no sono. Não me dirija a palavra, não fale o que eu quero ouvir, não pegue na minha mão pra me falar algo sério. Por favor, Gerry! Meu coração tem um mandado de restrição contra você. O advogado dele, o cérebro, você sabe, disse que é melhor manter distância porque proximidade intelectual e atração eletromagnética é uma ferramente indestrutível: pode matar os dois de amor.

E então você se aproxima, me traz aquele sorriso irresistível e apaixonante. Você mira em mim de longe e ajusta os óculos pra não deixá-los cair. Mas parece que você irradia um veneno muito forte que mesmo de longe consegue me atingir. Espero que você não tenha reparado que eu respondi o seu sorriso como uma criança sorrir ao ganhar uma balinha. Então você acelera os passos e corre um pouco no final. Para bem na minha frente e respira fundo pra retomar o fôlego. Agora estamos na frente da confeitaria mais romântica da cidade e a partir de agora será o meu lugar favorito. Você me abraça apertado e isso é como um imã. 

Sinto você sorrir do outro lado; eu fecho os olhos e me entrego ao acaso. Tudo se perdeu. Já era, Gerry. Fomos longe demais pra rebobinar a fita. Fechei os olhos e sorri. Ou de alívio ou quem sabe de desespero. Você desgruda e eu nem sei como você consegue. Pega minha mão e olha fundo nos meus olhos, diz que sentiu saudades e que a melhor coisa que aconteceu até agora foi ter me encontrado e ainda completa (querendo ser preso por homicídio doloso):

- Sophie, que o mundo não me escute, mas eu não paro de pensar em você. (Eu vi o desespero nos seus olhos, de quem já não sabia mais o que fazer. Não dava mais pra correr. Impregnou no coração.)
- E que você não me escute, Gerry, porque eu também não paro de pensar em você.
E contrariando toda a física, a racionalidade e um pouco de sanidade que ainda existia, você se aproxima ainda mais, afasta o cabelo do meu rosto e tira os olhos dos meus. Meu batom vermelho agora é alvo. Você me beija. Eu me encontro. Você se perde. E meu coração sinaliza: "eu avisei".


Dani Fechine