22 janeiro 2015

Liza



Um anjo que foi colocado no mundo para amar. A moça foi feita para espalhar o amor e senti-lo como ninguém. Era serena. Mas transbordava paz. E compaixão. E sensibilidade. Solidariedade também era uma marca daquela que tanto deu de si e quase nada recebeu. Esqueceu-se de ser solidária consigo mesma. Era o amor tomando conta do seu corpo. Ele tem desse poder avassalador de nos tirar do mundo.

Amou. Ah, como amou! Poderia doar esse sentimento para esse mundo que tanto precisa dele. Mas, nas histórias de amor, amar significa sofrer. A moça de cabelos negros não media sentimentos. E era bela por isso. Era bela porque não rotulava o seu amor, nem menosprezava o que pulsava em seu coração.

Doía hoje. Doía muito. Rasgava o peito, perfurava a alma. Mas acordava viva no outro dia. Disposta. O sol a chamava sempre pra ser feliz. E ela ia. Não importava como, de óculos escuros ou inteiramente maquiada, desfilava pelas calçadas reluzindo o dia com seu sorriso de quem tem Deus muito presente no coração.

A moça, se você ouvir seus causos, vai parecer fraca. Mas era firme. Sustentava-se no seu próprio presente, sabia que hoje talvez não desse certo, mas amanhã ela seria capaz de mudar o mundo. Era forte. E isso todos viam de longe. Seus olhos amendoados transpareciam certeza. Certeza de que a vida sempre teria algo de bom para presenteá-la. Fosse um amigo, fosse um livro. Era segura. Juntava uma mão na outra e era capaz do mundo cair ao seu redor e ela não perceber. Era segura num Deus que não abandonara jamais. E nunca iria. Era segura também de si. Era maior do que as quedas que a vida poderia lhe dar.

Essa menina, que tem muito mais de mulher do que de moça é feliz. Ela sorri porque acredita que a beleza do seu dia estará ali, naqueles dentes a mostra, naquele hálito de quem acaba de acordar e que não aceita mau humor. Ela é feliz porque além de não dispensar as energias positivas da sua vida, também não dispensa as pessoas certas para despertarem no seu íntimo novas sensações que descobre diariamente. Ela é feliz porque consegue, sem máscaras, sem filtros, ser ela mesma. Consegue, sem sequer ter dificuldade, não desvirtuar de quem é de verdade.

Essa moça, essa menina, essa mulher, não precisa de alguém para fazê-la feliz, porque isso ela já consegue com os passos que dá na vida. Ela precisa é de alguém para dividir essa alegria, porque, como falei, é generosa, é solidária, e isso a faz feliz, realizada. Essa moça precisa de um amor para dividir o seu, um amor que compartilhe da vida e dos prazeres que o sorriso largo no rosto oferece. Essa moça que ama como ninguém, tem o direito de ser amada. E é!

Dani Fechine

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"Aproveita que a melhor parte é de graça e feita com mais amor do que cabe em mim." (Tati Bernardi)