28 maio 2016

Futebol é a gente



"Futebol é um fato social total". Ouvia isso desde o primeiro ano de curso, na UFPB. Passei um ano e meio pra escutar a frase da boca do autor. De início, ouvia sem pretensões. Não analisava muito bem. Depois, tudo passou a ser mais importante que o jogo em si.

Sempre tenho muito receio de escrever qualquer parágrafo sobre futebol. Parece que meu facebook tá repleto de olheiros. Mas preciso aqui dizer algumas coisas. Uma delas é que em uma arquibancada minha atenção vez ou outra recai por instantes decisivos sobre a torcida. É nesse momento que começo a entender o sentido da frase lá de cima. Presto atenção em gente tanto quanto presto atenção no jogo. Mas certas coisas são capazes de desviar de vez o meu olhar.

A senhora, por exemplo, que carrega embaixo do braço uma bandeira do Brasil com escudo do Belo. Vovó, sinta-se abraçada por mim. Você representa o futebol como fato social.

A família que não poupou esforços pra ver o time jogar. Esses eu não consigo me conter. Um casal, uma filha e ao lado uma criança no bebê conforto completando a multidão de espectadores. Vocês representam o futebol como fato social.

A criança que implorou ao pai ou a mãe pra vestir o uniforme completo para ir ao estádio ver o jogo. Calção, camisa, chuteira. Esse pra mim já é um artilheiro ou um zagueiro arretado. Você, assim como muitos outros que não citei, representa o futebol como fato social.

Além disso, nessa arte bonita da bola, quem é do meu time parece me conhecer de criança. Acordo cedo, visto a camisa, o tênis, vou embora pegar ônibus. Dou de cara com um sorriso escancarado do cobrador fazendo sinal positivo. Meu dia parece que vai ser bom. Passo o cartão. Giro a roleta. "Vai hoje?", "Vamos", respondo. Já me sinto completamente acolhida por aquele olhar. "Oito e meia, né?" e ele se despede de alguém que sequer conhecia, mas já adquiriu simpatia enorme só pela estrela vermelha estampada no peito.

Por último vem a declaração de alguém que não é tocedora, mas que ama uma torcida. Vem a paixão de uma menina que ama futebol, mas não se apega tanto assim ao time (exceto o Brasil - sem julgamentos). Vem também a admiração de uma espectadora que não se importa em vestir a camisa de um time que conhece ainda muito pouco, afinal, ali, naquele momento, ela era gente como eles. Era uma torcedora de gritos, pulos e ansiedades. Era família. Futebol é a gente.

Dani Fechine

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